Sábado, 27 de Julho de 2024
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Os anos de futuro que se viveram e a vida do futuro que hoje se desenha

A realização, neste mês de maio de 2021, no Porto (Palácio de Cristal) de uma importante cimeira social de caráter europeu (provavelmente com futura incidência e influência em todo o mundo)

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Levanta-nos o ego nacional por sabermos que neste canto do continente se desenrolam muitas vezes iniciativas de grande alcance para o futuro das comunidades locais e da comunidade global a que pertencemos. E essa disposição para levar em frente novos pressupostos e novas apostas frente a ambientes de crise (como a atual), desta feita sob a alçada da responsabilidade da presidência portuguesa na União Europeia), tem vindo a ser já prática habitual e reconhecida. 

Desta feita, no Porto, parceiros sociais europeus e representantes e responsáveis de altas instituições comunitárias, elaboraram e aprovaram um documento que sustenta as bases minimamente necessárias para o estabelecimento de metas precisas assumidas pela Comissão Europeia no plano da ação dos direitos sociais.

A apetência de Portugal pelo trilho e descoberta dos caminhos do futuro

Há várias manifestações que têm demonstrado a apetência de Portugal pelo trilho e descoberta dos caminhos do futuro. Podemos lembrar formas recentes dessas iniciativas, desde a “Web Summit” cuja funcionalidade e eficácia têm dado nas vistas e feito a admiração de todos os países. E podemos lembrar também o Tratado de Lisboa, em 2007, que decorreu no mesmo cenário em que aconteceu a adesão de Portugal à União Europeia, os Jerónimos. Em 1994, “Lisboa, Capital Europeia da Cultura” teve grande relevância, assim como a Cimeira da Nato, em 2010, dando uma nova imagem e uma mais demorada atenção aos olhos da internacionalização mundial, traduzida em outros tantos acontecimentos com palco no nosso país, desde o futebol à fórmula 1, do ténis à vela, da música e da canção ao atletismo, da tecnologia ao judo, do ciclismo ao surf, das artes plásticas à literatura, entre muitos mais. A situação era bem diferente, antes, ainda não haverá muitos anos. Como elemento catalisador do impulso das modernidades no nosso país e internacionalmente, poderemos recordar o grande êxito que foi a “Expo‘98”, uma grande exposição mundial dedicada aos oceanos. Muita da herança que dela recebemos permanece, para além das assinaláveis e notáveis mudanças (que seriam imprescindíveis) que, até hoje, tiveram lugar. A “Expo’98” aconteceu há, praticamente, um quarto de século (23 anos) e, entretanto, também o século (mais ainda, o milénio) mudou.

Os desejos e as necessidades das grandes exposições 

Altura para relembrarmos então, aqui e agora, o que foi esse notável acontecimento e outro ainda anterior que também se desenrolou na beira marginal citadina de Lisboa, no espaço onde atualmente coabitam os Jerónimos, a Torre de Belém, o Palácio da Presidência, o Padrão dos Descobrimentos, o Centro Cultural de Belém, a Praça do Império. Foi a “Exposição do Mundo português”, retrato feérico do Estado Novo ainda saído da Revolução de Maio de 1926 e que pretendia mostrar a todos (a nós e aos outros) a pujança do novo regime, muito especialmente no contexto da administração portuguesa em territórios ultramarinos.

(Dizia-se: Portugal não é um país pequeno. E sobrepunha-se ao continente europeu, igualando-o em tamanho geográfico, as possessões ultramarinas de Portugal: Açores, Madeira, Cabo Verde, Guiné, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Índia, Macau e Timor)

Entre junho e dezembro de 1940, a “Exposição do Mundo Português” ocupou e transmutou a face da zona lisboeta de Restelo/Belém como, 58 anos depois, o mesmo iria acontecer numa zona oriental mais recôndita e desprezada da capital portuguesa: esta iria ficar conhecida como “Parque das Nações”. Um parque que ainda se mantém, já bastante alterado pelas necessidades de mudar contextos arquitetónicos, urbanísticos, sociais e até culturais dessa zona, mesmo assim espaço privilegiado ainda para vários tipos de manifestações ligadas ao turismo, ao lazer, à cultura, ao comércio ou à indústria.

Uma imagem pacífica de Portugal em tempos de guerra

Ao que lemos na “Visão História” de maio de 2017, a “Exposição do Mundo Português” foi “a encenação de uma imagem do país como oásis de Paz e de Progresso”, ainda assim um tanto prejudicada pela eclosão da 2ª Grande Guerra. A “Exposição do Mundo Português” foi isso mesmo: uma gigantesca iniciativa mobilizadora e agregadora, com roupagem rica e conteúdo exótico bem determinado pela vinda de indígenas e das suas cabanas, dos seus hábitos e costumes, das suas modas, de regedores, de artistas e escritores. E houve desfiles, paradas civis e militares, manifestações etnológicas e até animais inéditos, africanos e asiáticos, dos territórios que tinham soberania portuguesa.

“A Exposição do Mundo Português não é somente uma demonstração triunfal, completada num tempo recorde, das qualidades de realização do espírito português, mas também o resultado de um facto moral que se pode resumir neste milagre: a ressurreição da Fé coletiva, num país que a tinha perdido”.

Um passado feito de futuro

Foram diferentes, mas de idêntico estilo, as motivações da “Expo’ 98”. Vinham aí os 500 anos dos Descobrimentos Portugueses e era necessário realçar, mais intensamente, o valor do futuro junto dos portugueses, a partir daquilo que no passado mais ancestral já acontecera. A própria construção do espaço implicou extraordinárias modificações estruturais na capital do país, pois foram lançadas obras públicas essenciais como a Ponte Vasco da Gama, novas linhas de metropolitano e um interface rodoferroviário “Gare do Oriente”. A preocupação para que os diversos equipamentos do recinto tivessem utilização posterior, evitando o abandono e a degradação, permitiu que esta antiga zona industrial esteja hoje ainda bem funcional e de valor social elevado para a cidade de Lisboa.

Funciona ali, na zona norte, a “Feira Internacional de Lisboa”; a Sonae ocupou a entrada principal frente à Gare do Oriente; a Altice Arena recebe eventos múltiplos, de grande dimensão, desportivos, musicais, de moda e design ou de comunicação; a Torre Vasco da Gama é hoje um hotel para executivos de luxo, e há o Oceanário de Lisboa, o Museu da Ciência e também o Casino Lisboa. Muitas outras zonas foram, entretanto, vendidas para habitação e escritórios.

“No fim do processo de venda dos terrenos e dos espaços, as receitas tinham superado o custo da exposição em oito vezes. A zona oriental de Lisboa é hoje o bairro mais moderno da cidade, concentrando áreas comerciais, culturais e de lazer, com uma vista privilegiada sobre o rio Tejo. A zona atraiu uma série de instituições e empresas de grande nome qua aí basearam as suas sedes ou representações. Cerca de 28 mil pessoas habitam as suas áreas residenciais, integrando a freguesia do Parque das Nações.” (in “Wikipedia, a enciclopédia livre”).

Entre os diversos parques temáticos da “Expo’ 98” poderemos relevar, relembrando-os, o “Parque do Futuro”, o “Pavilhão da Realidade Virtual”, o “Pavilhão da Utopia”, o “Pavilhão do Conhecimento dos Mares”, o “Pavilhão dos Oceanos”, o “Pavilhão do Território” e o “Pavilhão da Água”, para além do notável Pavilhão de Portugal, com a célebre pala construída por Siza Vieira e que levantou espanto e até objeções e dúvidas quanto à sua eficácia.

A abertura das portas foi feita em 1 de outubro de 1998, quinhentos anos depois da chegada da frota de Vasco da Gama à Índia.




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