O Papa alertou para o impacto dos conflitos armados e alterações climáticas sobre milhões de pessoas que vivem com fome, numa mensagem divulgada pelo Vaticano.
“Milhões de pessoas continuam a sofrer com a miséria e a desnutrição em todo o mundo, devido aos conflitos armados, bem como às alterações climáticas e aos desastres naturais resultantes”, escreve Francisco, num texto lido durante a 43ª sessão da Conferência das organizações das Nações Unidas para a alimentação e agricultura (FAO, IFAD e PAM).
A mensagem elenca problemas como deslocações em massa, “tensões políticas, económicas e militares à escala planetária”, que “enfraquecem os esforços empreendidos para garantir a melhoria das condições de vida das pessoas”.
“Vale a pena repetir, uma e outra vez: a pobreza, as desigualdades, a falta de acesso a recursos básicos como alimentação, água potável, saneamento, educação, habitação, são uma grave afronta à dignidade humana”, insiste o Papa.
Francisco considera “inadiável” o esforço de “erradicar a praga da fome no mundo, que avança em vez de regredir”.
“Hoje são muitos os especialistas que afirmam que a meta do Fome Zero não será alcançada no prazo estabelecido pela comunidade internacional”, lamenta.
O Papa defende uma ação conjunta e colaborativa da comunidade internacional, perante desafios que “exigem uma abordagem holística e multilateral”.
“Governos, empresas, mundo académico, instituições internacionais, sociedade civil e indivíduos devem fazer um esforço conjunto, deixando de lado lógicas mesquinhas e visões preconceituosas, para que todos beneficiem e ninguém fique para trás”.
A mensagem deixa o compromisso das instituições ligadas à Igreja Católica para que “não falte o pão de cada dia” a ninguém e o planeta tenha “a proteção que requer”.
A ‘Caritas Internationalis’ lançou, na segunda-feira, um apelo à Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e o Programa Alimentar Mundial (PAM) para que retomem “imediatamente” a distribuição de alimentos na Etiópia.
A ajuda alimentar foi suspensa a 30 de março de 2023 na região de Tigray, onde se verificou um desvio “generalizado e sistemático” de grandes quantidades de alimentos destinados a pessoas famintas; a pausa foi estendida a todo o território etíope, no início de junho.
“Há três meses, milhões de pessoas necessitadas de assistência vital foram privadas de alimentos, reduzindo drasticamente a saúde e a segurança daqueles que já sofrem graves traumas e privações, após dois anos de guerra e seca prolongada”, destaca o secretário-geral da ‘Caritas Internationalis’, Alistair Dutton, em nota enviada à Agência Ecclesia.