A chancela da UNESCO trouxe notoriedade e visibilidade, mas também mais responsabilidades, como considerou António Carneiro, presidente da Associação dos Caretos de Podence. “Apesar da pandemia, hoje a tradição dos caretos é conhecida não só a nível nacional, mas também internacional, além de ter trazido dinâmicas muito fortes para a economia local. Todos têm a ganhar, não só a aldeia de Podence, mas todo o território”.
Apesar da Covid-19, que abalou o mundo em 2020 e 2021, o mesmo responsável revela que nem a pandemia evitou que as pessoas viessem nos últimos dois anos. “Nós fizemos o trabalho com os murais, em que o nosso lema é termos a aldeia mais colorida de Portugal. Foi um atrativo para as pessoas, que vêm a Podence não só no Carnaval, mas durante todo o ano”, sublinhou, frisando a localização privilegiada da aldeia, próxima da Autoestrada 4 e junto à albufeira do Azibo, o que “é uma mais-valia para os que se desloquem até cá”.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Este ano, o Presidente da República vai regressar a Podence no dia 17 de fevereiro para inaugurar um mural, que lhe é dedicado. “É um grande orgulho que o senhor presidente volte a este território. Lançamos o desafio em 2020 e fizemos-lhe uma pequena homenagem com um mural, que virá inaugurar, tal como prometeu em 2020. Será um dos momentos altos do Carnaval de 2023”.
De 17 a 21 de fevereiro há muito para descobrir neste território que sabe receber quem o visita, com dias de folia e várias atividades. “A festa assenta na matriz pela qual recebeu a classificação, ou seja, a comunidade de Podence está toda unida em volta dos caretos, que são os anfitriões do cartaz”.
Pelas ruas, os caretos andam à solta a chocalhar as mulheres, com os chocalhos que trazem à cintura dos fatos coloridos, amparados por paus para as tropelias e disfarçados com as típicas máscaras de ferro.
Mas há outras iniciativas para aproveitar no Entrudo Chocalheiro, como caminhadas, geo-cruzeiros, exposições, animação de rua ou o festival do grelo. “Há os rituais e todo o misticismo atrás deles, desde o pregão casamenteiro, em que o destaque vai ainda para o grande final, que será a queima do entrudo na terça-feira, dia 21”, acrescentou o presidente da associação.
MUSEU
Apesar de todos serem bem-vindos, Podence precisa de outras condições para receber quem a visita. “Há lacunas a nível de infraestruturas (pavilhão multiusos), que devem ser criadas para que possamos receber de uma forma digna quem nos visita. Gostaríamos de oferecer mais atividades, como concertos tradicionais, que ainda não temos condições para os fazer”, lamenta António Carneiro, sustentando que “falta apenas vontade política”.
“Temos o projeto praticamente concluído do museu ligado às máscaras. Caso se venha a materializar, será uma referência de Trás-os-Montes. É por isso que estamos a lutar, mas é preciso vontade dos políticos para o fazer”. Além disso, “há tantos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência, que poderá ser uma janela aberta para a concretização deste projeto, que seria icónico para Podence, uma aldeia pequena no tamanho, mas grande em levar o nome de Portugal por todo o mundo”.