Segunda-feira, 2 de Dezembro de 2024
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Portugal não pode desistir de “criar mais riqueza, mais igualdade, mais coesão”

O Presidente da República defendeu hoje que Portugal não pode desistir de criar mais riqueza, igualdade e coesão, considerando que só isso permitirá que continue a ter a sua “projeção no mundo”.

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“Não podemos desistir nunca de criar mais riqueza, mais igualdade, mais coesão, distribuindo essa riqueza com mais justiça”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa no seu tradicional discurso na cerimónia militar comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que decorre no Peso da Régua.

Só dessa forma, prosseguiu o chefe de Estado, Portugal poderá continuar a ter a sua “projeção do mundo” e cumprir o seu “desígnio nacional”.

“É a nossa vocação de sempre: fazermos pontes, sermos plataforma entre oceanos, continentes, culturas e povos. Outros há, e haverá, que são e serão mais ricos do que nós, mais coesos do que nós, mas com línguas que poucos conhecem, incapazes de compreenderem o mundo, de o tocarem e de o influenciar, mesmo aquele mundo que está mesmo à beira da sua porta”, disse.

O chefe de Estado destacou a influência de Portugal e da língua portuguesa no mundo, dando o exemplo das forças militares destacadas em missão, a reeleição do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e os compatriotas à frente de empresas e universidades, em áreas como a arte ou a tecnologia.

“É de pasmar para tão pequeno território terrestre e tão reduzida população. Temos um peso no mundo muito muito maior, de longe, do que o nosso território terrestre”, referiu, destacando também a influência marítima e área do país.

Marcelo Rebelo de Sousa questionou, contudo, essa influência: “De que nos serve termos essa influência mundial, se, entre portas, sempre tivemos e temos problemas por resolver?”.

“Mais pobreza do que riqueza, mais desigualdade do que igualdade, mais razões para partir às vezes do que para ficar. Sejamos honestos para connosco mesmos, assim tem sido e continua a ser século após século”, acrescentou.

Relembrando os “tempos mais ricos” do império colonial, a “longa e penosa” restauração da independência, as “insensatas” expulsões de não-cristãos, o “delírio” do ouro, pimenta e prata, Marcelo Rebelo de Sousa terminou evocando o o Estado Novo, tempo em que, enalteceu, “as finanças estavam certas, mas a liberdade, saúde, educação e segurança social ou não existiam ou eram para um punhado de privilegiados”.

“Tudo isto foi e às vezes ainda é verdade”, observou.

As comemorações do Dia de Portugal, de Camões das Comunidades Portuguesas terminam hoje no Peso da Régua com a tradicional cerimónia militar do 10 de Junho, depois de terem passado pela África do Sul.

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