Quarta-feira, 21 de Maio de 2025
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“Precisamos de políticas de incentivo à agricultura e pecuária”

Entrevista à cabeça de lista da CDU | Fátima Bento | Arqueóloga | 41 anos

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Quais são as duas grandes prioridades que defendem para o distrito?

A valorização do trabalho e rendimentos, associada à discriminação positiva das MPME’s e ao reforço dos apoios à agricultura familiar, aos pequenos e médios produtores agrícolas e pecuários.

O aumento geral dos salários em 15% (150€ mínimo), o aumento do Salário Mínimo Nacional para 1.000€, em junho, e o aumento extraordinário das reformas em pelo menos 5% ou €70 (com efeitos ao início do ano). A CDU entende que este acréscimo de rendimento permitirá elevar o poder de compra que, articulado com medidas de justiça fiscal adequadas à realidade das MPME’s (redução do IVA da eletricidade, gás, comunicações para 6%,  redução das comissões bancárias, entre outras), dinamizará a economia local.

Adicionalmente, uma política de valorização da agricultura e pecuária, incentivando a produção, promovendo transformação e escoamento da produção agrícola da região a preços justos e criando, por esta via, emprego de qualidade. 

A perda de população continua a ser um grave problema do interior do país. O que se pode fazer para combater este flagelo?

O despovoamento só se combate criando as condições adequadas para que aqui se fixem, aplicando uma política efetiva de coesão territorial. Para tal, é necessário o reforço dos serviços públicos (saúde, transportes públicos, educação, habitação a custos controlados, entre outros), mas também investimento público enquanto elemento essencial para atrair investimento privado, criando novo emprego, com condições de trabalho atrativas.

Como atrair investimento para a região?

Novos investimentos privados só são viáveis se houver trabalhadores disponíveis para se estabelecerem na região. Tal só será possível se aqui encontrarem as condições necessárias, nomeadamente salários atrativos – o distrito de Bragança mantém uma das mais baixas médias salariais por conta de outem do país -, mas também a valorização das carreiras, indissociável de serviços públicos disponíveis adequados. 

Nos últimos tempos tem-se visto que a linha aérea tem uma grande importância para a região. Como impedir que esteja tantas vezes suspensa?

A intermitência deste serviço revela falta de planeamento e uma clara desconsideração para com as necessidades reais das populações das regiões abrangidas por esta ligação. Evidencia ainda que um serviço privado não acautela o interesse público.

Esta ligação área tem um papel fundamental no desenvolvimento socioeconómico das regiões servidas, que a par da sua regularidade deveria ter também em conta a acessibilidade económica, para assim servir a maioria da população.

Tem-se falado que Bragança será ponto de passagem da linha de alta velocidade entre Porto e Madrid. Acredita na sua concretização? Que vantagens terá para o distrito?

A CDU tem defendido, desde o dia em que a ferrovia foi desativada na região, a urgência da sua reativação, reivindicando um transporte ferroviário moderno, rápido e com ligação a Espanha, assegurando o caráter público do serviço, apresentado na Assembleia da República, a cada Orçamento de Estado, esta proposta. Entendemos que é essencial um transporte ferroviário que sirva as populações da região, pelo que uma linha de alta velocidade em nada se coaduna com este princípio, não havendo sequer garantia que faça paragem no nosso distrito. As populações do nordeste transmontano não querem ver o comboio passar e arcar com as consequências da sua construção e circulação, querem é poder embarcar nele, querem ver garantido o seu direito à mobilidade, até porque estão há décadas à espera que lhes seja restituído o que lhe foi roubado.

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