No concelho de Valpaços é esperado um ano em grande para a castanha judia, que é considerada “uma das melhores variedades” do mundo.
Lino Sampaio, da Associação Agrifuturo, que tem 250 associados e promoveu a iniciativa “Judia Com Futuro”, revela que o clima foi bom e é esperado um “super ano”, com castanhas de qualidade e também em quantidade. “Seguramente, o S. Pedro ajudou-nos, com a chuva a trazer humidade ao fruto, que está mais pesado, pelo que vamos ter castanhas de qualidade que não tínhamos há alguns anos”.
“A castanha tem sido um excelente mote para fixar gente”
LINO SAMPAIO, Agrifuturo
Questionado sobre quando começará a apanha, o produtor sublinha que “estamos no timing correto. Estas oscilações da temperatura, com um tempo nem muito frio, nem muito calor, é positivo, pelo que quanto mais atrasarmos a apanha da castanha, melhor para nós, porque o consumo requer algum frio”.
FIXAR GENTE
Lino Sampaio refere que há cada vez mais jovens a apostar nesta cultura. “Apostamos no associativismo, porque acreditamos que será desta forma que se vamos fixar gente neste interior. E nesta terra é a solução, uma vez que não temos indústria, pelo que temos que seguir este caminho e a castanha tem sido um excelente mote para fixar gente, o que está a acontecer, inclusive há emigrantes a regressarem para apostar na castanha”.
“Na promoção não pode haver capelinhas, mas sim uma catedral”
ANGELINA EIRA, Agrifuturo
Mas falta valorizar um produto que é de excelência, pelo que a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro poderia ter um “papel fundamental” para dar-lhe outra visibilidade. “A castanha é o ouro da região, mas falta-lhe apenas a criação de refinarias a montante, ou seja, valor acrescentado para outras finalidades para além da venda ao quilo”, sustenta Angelina Eira, presidente da Agrifuturo, adiantando que “a UTAD poderia ser a tal refinaria para termos melhor produto”.
“Poderia apostar num mestrado em castanhas, que ensine os jovens a tirar melhor proveito deste produto. Os estudos que se fazem também deveriam chegar aos produtores, já que são eles os principais interessados em melhorar a sua produção. São apenas algumas sugestões que deixo à UTAD, uma vez que a valorização do produto é o nosso maior desafio para o futuro”, afirma.
Jorge Pires, vereador da Câmara de Valpaços, reiterou que a UTAD “poderia fazer com este setor o que foi feito com os vinhos, com o curso de enologia”, de forma a valorizar este produto que “é uma referência a nível nacional”.
“A castanha judia diferencia-se de todas as outras, mas temos de lhe acrescentar valor”
JORGE PIRES, Vereador CM Valpaços
Acrescentou ainda que “criámos uma zona industrial com o objetivo de atrair empresas para acrescentar valor e à transformação da castanha, que irá gerar riqueza, postos de trabalho e fixar pessoas no território. Já atribuímos 14 lotes”.
A Câmara de Valpaços reconhece que este é um setor de “extrema importância” para o concelho, pelo que “entendemos que o castanheiro reúne todas as condições para ser uma área prioritária de investimento e de salvaguardada a agentes abióticos”, finalizou o vereador.
José Matias, diretor regional adjunto de Agricultura e Pesca do Norte, afirmou que a judia tem futuro, com os produtores a apostarem cada vez mais na plantação de castanheiros. “Nos últimos 10 anos, houve sempre aumento da área de plantação, pelo que é preciso rentabilizar a produção, aproveitando melhor a Denominação de Origem Protegida e é necessária uma melhor organização”.[/block]