Nos últimos anos, a concessão tem feito correr muita tinta e até foi um dos projetos que fez cair o governo de António Costa, fruto de uma investigação por alegado favorecimento.
A verdade é que do lado da Savannah poucas explicações foram sendo dadas ao longo dos últimos anos, algo que parece estar a mudar com a chegada de Emanuel Proença à empresa. O novo CEO da Savannah admite que o projeto “tem estado em destaque não pelas melhores razões”, revelando que “a sensação que temos é que muito do receio foi criado por uma campanha que tinha como objetivo denegrir o projeto, mais do que servir a região”.
“Cabe-nos demonstrar que boa parte do que é apontado não tem cabimento, nem é a realidade”, afirmou no programa Contrasenso, da VTM, onde admitiu que “este é um projeto estruturante para a região”.
Desde logo pelos postos de trabalho previstos, “300 diretos e entre mil a dois mil indiretos”, mas também porque, “fazendo o cálculo aos impostos que um projeto destes gerará ao longo da vida prevista, estamos a falar de mais de mil milhões de euros”, revela Emanuel Proença, acrescentando que, “em termos de royalties, o município de Boticas irá arrecadar 10 milhões de euros ao ano”.
Segundo o CEO da Savannah, “este é um projeto que tem dimensão e que atraiu bastante atenção, mas penso que nos últimos anos nos faltou a possibilidade de podermos explicar o que estamos a fazer”, aproveitando para esclarecer que “é um projeto que tem mineração a céu aberto de forma sequencial, em cinco áreas de exploração, trabalhando-se uma de cada vez”.
“Da primeira vamos para a segunda e quando estivermos a meio da segunda vamos estar a reflorestar a primeira. Só quando a primeira estiver reflorestada é que passamos para a terceira e assim sucessivamente”, explica, acrescentando que “está prevista a mineração de espodumena de lítio e a produção de quartzo e feldspato. Haverá uma unidade de purificação e será um projeto gerador de muito emprego”.
E apesar de muita gente ser contra o projeto, “há muitas pessoas que, embora de forma silenciosa, confessam que a região precisa de aproveitar as oportunidades que tem e esta é uma delas, desde logo porque permitirá reverter uma tendência de emigração, dará a oportunidade às pessoas locais de se fixarem e trará mais jovens para a região”, frisa Emanuel Proença, admitindo que “temos casos de pessoas que voltaram de França, após 15 anos, para trabalharem connosco”.
E revela que “apesar de ainda não termos aberto, formalmente, um processo de recrutamento, já recebemos mais de 100 currículos, só de pessoas da região”.
Quanto aos terrenos, “estamos a pagar entre 20 e 25 mil euros o hectare aos donos dos terrenos no pinhal e, até ao momento, já foi possível adquirir 100”.
Questionado sobre se a empresa entrou em alguns deles sem permissão e contra a vontade dos seus proprietários, Emanuel Proença respondeu prontamente. “Não o fizemos e só um tolo o faria, até porque estamos a falar de uma empresa cotada na bolsa e escrutinada por quatro mil acionistas”.