Quarta-feira, 4 de Dezembro de 2024
No menu items!

Selo de Património Mundial não é “varinha de condão” para o Douro

A vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), Célia Ramos, defendeu hoje que o selo do Douro como património mundial não é uma "varinha de condão", necessitando de políticas públicas que o acompanhem.

-PUB-

“O selo, a inscrição do Douro no Património Mundial [da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e cultura (UNESCO)], como de qualquer bem, é, de facto, fortíssimo. É um instrumento muito poderoso, um reconhecimento poderosíssimo, mas não é uma varinha mágica, de condão”, disse hoje Célia Ramos no painel “A Europa na preservação de um Sítio Património Mundial: 20 anos do Douro na UNESCO”.

O painel ‘online’ foi promovido pela CCDR-Norte no âmbito da Semana Europeia das Regiões e Cidades 2022, que decorre até quinta-feira em Bruxelas, e é organizada pela Comissão Europeia e pelo Comité das Regiões.

A responsável da comissão de coordenação disse que, além da classificação da UNESCO, “o reconhecimento tem de ser acompanhado de políticas públicas, também elas fortes, que valorizam e promovam o bem, neste caso o Douro”, considerando que ao longo dos anos a região “foi sendo fulcro dessas políticas”.

“A construção da barragem do Tua fez-nos tremer. Nós tivemos que perceber e aprofundar o modelo de gestão, tivemos que nos relacionar com as instâncias internas, designadamente com a comissão nacional da UNESCO, como o fazemos desse momento até agora, em todos os momentos que aparecem”, acrescentou Célia Ramos.

Questionada acerca do risco de perda da classificação, a responsável asseverou que “isso hoje não existe”, remetendo para palavras anteriores de Clara Cabral, da comissão nacional da UNESCO.

A responsável da organização integrada nas Nações Unidas tinha anteriormente dito que “a desclassificação de um sítio, a retirada de um bem da lista de património mundial, é um processo que não é muito vulgar”.

“Até hoje apenas foram retirados da lista três sítios, mas existem muitas situações em que, de facto, a UNESCO pergunta aos Estados-parte, e pergunta aos gestores dos sítios, o que se está a passar e procura explicações para projetos que estão a ser desenvolvidos”, explicou.

Outro dos oradores no painel foi o produtor e empresário Dirk Niepoort, que alertou para o risco das alterações climáticas para a região do Douro.

“As mudanças climatéricas são evidentes, e tendencialmente não vão ajudar. Vai haver mudanças, em certas regiões, se calhar para melhor, no Douro claramente para pior. Nós estamos habituados a viver em situações extremas, mas está a tornar-se ainda pior”, considerou.

O produtor disse que o setor terá de “repensar muita coisa”, e “algumas das vinhas, que sempre foram das melhores para vinho do Porto, vão ter dificuldades, em certos anos, devido à falta de água e ao calor”.

A Semana Europeia das Regiões e Cidades decorre até quinta-feira em Bruxelas, contando também com vários painéis ‘online’.

APOIE O NOSSO TRABALHO. APOIE O JORNALISMO DE PROXIMIDADE.

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo regional e de proximidade. O acesso à maioria das notícias da VTM (ainda) é livre, mas não é gratuito, o jornalismo custa dinheiro e exige investimento. Esta contribuição é uma forma de apoiar de forma direta A Voz de Trás-os-Montes e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente e de proximidade, mas não só. É continuar a informar apesar de todas as contingências do confinamento, sem termos parado um único dia.

Contribua com um donativo!

VÍDEOS

Mais lidas

ÚLTIMAS NOTÍCIAS