As críticas surgem depois de Emídio Gomes, durante um evento na Faculdade de Economia da Universidade do Porto, no início deste mês, dizer que “quatro vezes por ano fecho-me com a totalidade dos meus núcleos de curso, à porta fechada, e com um ‘confidencial agreement’, em que o que lá se passa não é utilizado como fonte. Eu sei tudo sobre os meus professores! Já agora, eu antes de ser reitor da universidade, fiz uma amostra de 100% dos meus docentes do quadro da universidade. Sei exatamente o que cada um deles faz, como está, quando faltam às aulas, quando fazem batota com as aulas, quando não põem lá os pés! Sei isto tudo sobre cada um com este cuidado, conheço as debilidades da minha própria instituição, no sentido de a fortalecer”.
No entender do SNESUP, “o teor destas declarações lança um clima de suspeição relativo à prestação dos docentes da UTAD, que não é de todo admissível”, acrescentando que “o recurso ao método alardeado pelo magnífico reitor da UTAD, de delação anónima em ambiente não institucional, não permite aos docentes qualquer tipo de contraditório, lesando os seus direitos e ofendendo a sua dignidade pessoal e profissional”.
As declarações de Emídio Gomes, continua o sindicado, revelam que “existe na UTAD uma cultura do medo e prepotência”, pedindo “à comunidade académica da UTAD, ao seu Conselho Geral e ao Ministério da Educação, Ciência e Inovação que repudiem este tipo de práticas não conformes com o estado de direito democrático”.
O reitor da UTAD respondeu, entretanto, através de uma nota interna, esclarecendo que o que o disse na Universidade do Porto foi a resposta a uma questão colocada pelos estudantes sobre a sua participação efetiva na avaliação dos modelos pedagógicos, nomeadamente dos docentes.
“A realização regular de reuniões do reitor com os núcleos de estudantes é uma prática pública, saudável, já que são eles o nosso maior foco, sempre assumida de forma transparente perante a academia. Nestas reuniões são analisados diversos aspetos do funcionamento geral da UTAD e dos Serviços de Ação Social (SASUTAD), incluindo as unidades curriculares da vasta oferta formativa”, frisa, acrescentando que “é óbvio que sempre que são reportadas ocorrências de práticas pedagógicas indevidas, mesmo que pontuais, é meu dever dar cumprimento escrupuloso ao direito de reserva e confidencialidade, nunca sendo a informação usada diretamente pelo reitor, constituindo este um princípio fundamental”.