O Centro de Recuperação de Animais Selvagens (CRAS) do Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro vai devolver à Natureza um abutre-preto, a maior espécie de abutre da Europa. A libertação acontecerá na próxima terça-feira, 21 de março, às 12h, no miradouro do Carrascalinho (Fornos, Freixo de Espada à Cinta), em pleno Parque Natural do Douro Internacional (PNDI).
Todos os voos deste abutre-preto vão ser monitorizados pela equipa do Projeto “Life Aegypius return”, através de equipamento tecnologicamente avançado. “Vai ser libertado com anilhas de marcação para facilitar a sua observação, seja com binóculos ou com telescópio, e foi marcado com um emissor GPS para ser seguido desde o momento em que for devolvido ao habitat natural”, explica Filipe Silva, diretor do Hospital Veterinário da UTAD.
A população de abutre-preto é extremamente reduzida em território nacional, estando identificada com uma espécie “Criticamente em Perigo”. Por isso, o objetivo desta monitorização passa por avaliar o sucesso da recuperação e a adaptação da ave ao seu ambiente, bem como ter conhecimento dos seus movimentos de dispersão e eventual longevidade.
“Seria muito positivo que a ave se estabelecesse no PNDI, onde existe um pequeno núcleo da espécie a nidificar”, antecipa o responsável.
Esta ave de rapina, que pode atingir os três metros de envergadura, chegou ao CRAS em dezembro, reencaminhada do Centro de Recuperação de Animais Silvestres de Lisboa. A fase final da reabilitação foi conduzida nas instalações do Centro de Interpretação Ambiental e de Recuperação Animal, em Torre de Moncorvo, cuja gestão clínica é da responsabilidade do CRAS. Foi aí que este abutre-preto teve oportunidade de socializar com outros indivíduos da espécie e fazer exercícios de musculação e treino de voo, para aumentar as hipóteses de sobrevivência no regresso ao meio selvagem.
O momento da libertação no miradouro do Carrascalinho será acompanhado por alunos de Medicina Veterinária da UTAD, estudantes do ensino especial do Agrupamento de Escolas de Freixo de Espada à Cinta, comunidade local, vigilantes da Natureza do PNDI, ONG’s locais e parceiros do projeto “LIFE Aegypius Return”.
Desde o início de 2023, o CRAS já devolveu cerca de 40 animais selvagens ao seu habitat.