Quarta-feira, 21 de Maio de 2025
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Velhos são os trapos!

É difícil imaginar como alguém é capaz de abandonar um idoso ou negligenciar o seu cuidado. No entanto, essa realidade está cada vez mais presente nos dias de hoje.

Naturalmente que ainda há muitas famílias que cuidam com amor e dedicação dos seus velhinhos, tratando-os com o respeito e a dignidade que merecem. Contudo, aqui e ali, vamos encontrando histórias que nos envergonham como sociedade: idosos abandonados, esquecidos, ou tratados como um fardo a ser descartado.

A velhice, que deveria ser uma fase de respeito e reconhecimento, transforma-se em um período de solidão e abandono. Vemos idosos vivendo em condições precárias, sem higiene básica, em habitações inadequadas, ou mesmo despejados em lares sem qualquer acompanhamento familiar. Outros são deixados em hospitais, na esperança de que as instituições resolvam o “problema”. Muitos desses idosos têm reformas tão baixas que mal conseguem sobreviver, muito menos pagar por cuidados dignos.

O que mais me revolta é a frieza com que algumas famílias lidam com os seus idosos. Há casos em que o dinheiro se torna mais importante do que o afeto e a gratidão. Alguns mentecaptos, movidos pela ganância, negam aos idosos o mínimo conforto, com a justificação de que “quanto menos gastarem, mais irão herdar”. E o pior, muitas vezes estamos a falar de dinheiro que pertence aos próprios idosos, fruto de uma vida de trabalho, sacrifício e economias. São pessoas que passaram fome, enfrentaram dificuldades e renunciaram a muitas coisas para garantir o bem-estar dos seus filhos. E como são retribuídas? Com o abandono, a indiferença e, em alguns casos, a exploração.

É importante refletir sobre o que nos levou, como sociedade, a normalizar essa desumanização da velhice. Precisamos resgatar o valor da família, do cuidado e amor. É urgente criar políticas públicas eficientes que garantam aos idosos, condições dignas de vida, mas também é fundamental que cada um de nós faça a sua parte. Cuidar dos nossos velhinhos não é uma obrigação, é um dever moral, um reconhecimento de tudo o que fizeram por nós.

Permitam-me um apelo sincero: cuidar dos nossos idosos é mais do que uma responsabilidade, é uma expressão de humanidade e gratidão. Num mundo tão acelerado, onde as prioridades parecem estar sempre voltadas para o imediato, é fácil esquecer quem tanto fez por nós. Reservar um momento para ouvir as suas histórias, garantir o seu conforto ou simplesmente estar presente pode transformar a vida de um idoso. Não se trata apenas de suprir necessidades básicas, mas de devolver o amor e a dignidade que eles merecem, construindo memórias que honram o seu legado e nos tornam melhores pessoas.

Lembrem-se: a maneira como tratamos os idosos hoje será um espelho do tratamento que receberemos amanhã. Esta ausência de valores está a moldar a mentalidade dos nossos jovens de tal maneira que já me questiono se os avanços da medicina para prolongar a vida serão uma bênção ou uma autêntica maldição para os futuros idosos.

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