Quarta-feira, 9 de Outubro de 2024
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António Martinho
António Martinho
VISTO DO MARÃO | Ex-Governador Civil, Ex-Deputado, Presidente da Assembleia da Freguesia de Vila Real

Visto do Marão (CLVII) – A moda dos webinar

A pandemia que tem assolado o mundo obrigou a estender a muitas situações a forma de trabalhar à distância. E ampliou o conceito de teletrabalho”

As modas são efémeras, naturalmente. São uma construção da sociedade de consumo. O que sai dos critérios do interesse, ou do útil, rejeita-se. Assim, mais necessidade há de produzir. E o que se tem vindo a constatar, com especial ênfase, nestes meses de pandemia com debilidades evidentes desse tipo de organização da produção, também porque para incentivar o consumo se procurou produzir ao menor preço, mesmo que em regiões distantes, é que o desastre aconteceu. Algo de semelhante à serpente que, em determinadas circunstâncias, por necessidade ou ilusão, consome a própria cauda. Numa interpretação mitológica, simbolizando o eterno retorno.

A pandemia que tem assolado o mundo obrigou a estender a muitas situações a forma de trabalhar à distância. E ampliou o conceito de teletrabalho. Os avanços tecnológicos e as exigências de distanciamento físico fizeram proliferar as reuniões, os encontros, os seminários e as conferências por essa via. Por tudo e por nada, organiza-se um webinar. É a abreviatura de web-based seminar, que se pode traduzir por seminário realizado pela internet. Desde reuniões de órgãos de soberania e do poder local até sessões diversas sobre tudo e sobre nada, foi um proliferar de webinars. Na sua origem está a palavra seminário, espaço de debate, de encontro ou desencontro de ideias, de concordância e discordância. Quando em modo presencial, não se torna fácil ignorar o braço que se levanta na assistência. E se isso acontecer, dá muito nas vistas não atender à solicitação. Mas quando se usa a comunicação por qualquer uma destas plataformas, já a mesma não acontece.

Talvez muitos dos leitores deste Visto tenham conhecimento de situações que se viveram nas aulas por videoconferência, ou até em reuniões de grande responsabilidade. Pessoas que vestiam a roupa normal só da cinta para cima. Alunos que conseguiam iludir a sua presença com uma imagem fixa e se entretinham a fazer outra coisa?! Ruído dos microfones ligados que levavam à interrupção da transmissão. Mas houve iniciativas muito interessantes. Tive o ensejo de acompanhar pequenas conversas – a mania do inglês levava a chamar-lhes “talks” – muito úteis e proveitosas. Mas também vivi situações menos lisonjeiras, sem atenderem ao interesse das intervenções dos que acompanhavam/participavam/assistiam. Não interessava o contraditório? Silencia-se.

Estavam ali para compor o ramalhete. Nada edificante em organizações da sociedade civil.

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