Andei por outros lugares, como estudante, como professor e como jornalista, sempre atento, no entanto, ao que o jornal desenvolvia nas suas páginas, seguindo um lema que era caro ao seu diretor António Maria Cardoso: “Formar e informar”.
Um dia, regressei à nossa terra, no início dos anos 90 do século XX, altura em que deixei a Rádio Renascença. Não pude deixar de corresponder ao convite do saudoso homem de letras, de saber e de elevada expressão cívica que o “padre Cardoso” foi em integrar a equipa redatorial do seu jornal que ele, tão expressivamente, designava “O nosso jornal”, sendo que esse “nosso” se referia, obviamente, aos que nele trabalhavam, aos que com ele colaboravam e, sobretudo, com os que o liam, na região, no país e entre as comunidades portuguesas que viviam e trabalhavam no estrangeiro.
Mas tudo é o que é e dura o que dura.
Com a resignação do nosso jubilado diretor e com o seu desaparecimento físico de entre nós, aconteceram problemas que pareciam irresolúveis. E “A Voz de Trás-os-Montes” suspendeu a sua publicação até então de seis décadas consecutivas.
Mas uniram-se novas vontades, deram-se as mãos para um novo projeto respeitando o cariz daquilo que o jornal tinha sido. Surgiu uma nova oportunidade e a mensagem viva e atuante desta voz transmontana reapareceu com nova equipa. Senti-me feliz quando pude integrá-la pelo convite que me foi feito por João Vilela, o Diretor deste jornal.
Foram cinco anos mais de dedicação a este excelente semanário vila-realense, já no século XXI, com as suas novas fronteiras e desafios. Cinco anos que, além dos anteriores, agora chegam ao seu termo. Duas razões de peso me levaram a esta decisão: a necessidade de preservar a minha saúde física; e a dificuldade em articular a minha ação de Diretor Editorial com a Redação. Com este cargo que tão orgulhosamente desempenhei é forçoso acompanhar de perto o trabalho dos colegas e estar presente, testemunhar e resolver situações mais de perto. Não estão garantidas, neste momento, tais condições por minha parte e nem a estrutura do jornal nem os leitores e assinantes podem ser prejudicados pela falta delas.
Agradeço a toda a gente que tanto me apoiou e respeitou as provas de sinceridade, solidariedade e amizade com que me distinguiram sempre. Tentei fazer o melhor, respeitando também todos aqueles que, tendo dado tanto a este jornal, já partiram.
Mas a minha presença nas páginas do jornal não vai desaparecer ainda, já que manterei uma ação ainda próxima com as pessoas, com as instituições, com a região, na minha qualidade de repórter. Afinal, levo 46 anos de jornalismo na minha vida e não pretendo fechar as gavetas da minha secretária para já.
Contem comigo.
Espero continuar a merecer a vossa confiança.
Até breve.