Quarta-feira, 11 de Setembro de 2024
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“As energias renováveis são muito mais benéficas para todos”

Cada vez mais, o planeta está a esgotar os seus recursos mais cedo e há uma preocupação constante com as emissões de gases com efeito de estufa e outras atividades poluentes, que estão a ter efeitos catastróficos, um pouco por todo o lado.

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Não há como negar que o setor das energias renováveis é a grande aposta para um futuro sustentável, mas ainda há muitos desafios que atrasam este processo de implementar energias “limpas”.

Para tentar perceber melhor a transição energética e os desafios que se colocam no futuro da sustentabilidade energética, a VTM falou com Ricardo Bento, pró-reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), que sublinhou que o território tem recursos que já estão identificados, que podem ser aproveitados para a base da cadeia económica, da produção de energia e para a produção de elementos para baterias. No entanto, esse “é um assunto que está a ser discutido em alguns concelhos da região, em que se tem de avaliar os prós e os contras”.

RECURSOS

No âmbito dos trabalhos que tem realizado para o planeamento regional, Ricardo Bento revela que a região “tem recursos eólicos, hídricos e minerais, que estão identificados e têm vindo a ser explorados ao longo do tempo. Não me parece que sejamos um território mais apto para a energia fotovoltaica, isto por causa do relevo e das horas de exposição solar, em que ficamos atrás de outras regiões portuguesas, como o Alentejo, que é a zona com o maior número de horas de sol da União Europeia”.

No entanto, segundo o mesmo responsável, isto não invalida que caminhemos para uma produção mais concentrada de energia, através da captação de energia fotovoltaica, “usando as nossas coberturas e outras superfícies inclinadas que sejam bem orientadas nas nossas cidades”, sublinhando que este “é um investimento que vale a pena ser feito”, dando como exemplo aquilo que está a ser implementado naquela universidade. “Nos últimos 10 anos, a UTAD tem vindo a aumentar a produção de energia fotovoltaica aproveitando os telhados para a colocação de painéis solares e também utilizando ‘pellets’, um recurso local. Acreditamos que o caminho é por aí. Ainda não somos autossuficientes.

Neste momento, temos uma capacidade entre 15 a 17% de autoconsumo, mas esperamos chegar aos 30% até final de 2025”.

Relativamente à energia hídrica, o pró-reitor não acredita que a região tenha mais capacidade para crescer. “Do ponto de vista da produção de energia, tenho algumas dúvidas e reservas em afirmar que haja capacidade de aumento de produção”. Agora, para a regularização de necessidades hídricas, “pode haver espaço”. Aliás, vários autarcas “têm vindo a sinalizar a necessidade de fazer aproveitamento de água para fins não energéticos, mas sim para fins de regularização para os períodos de seca, de forma a usar a água reservada para períodos em que o consumo é o mesmo, mas a falta de água é maior”.

BENEFÍCIOS

Questionado sobre como a exploração de energia na região pode beneficiar as comunidades locais, o também docente explica que, muitas vezes, os resultados “podem ter externalidades positivas para o país e algumas externalidades negativas de impacto local”.

“Temos que criar medidas de mitigação ou de reequilíbrio por essa transferência de energia. Podemos dar o exemplo da avaliação fiscal das barragens, em que os próprios municípios reclamam para si dividendos fiscais. Neste processo, a perceção que existe é que há um recurso que está a ser explorado localmente, que tem um benefício mais nacional e que não é devidamente compensado o território que tem esse recurso”. Pelo que “defendo que é este equilíbrio de bem-estar para as comunidades locais que deve ser feito no aproveitamento dos recursos”.

Em termos globais, Ricardo Bento revela que, apesar dos impactos, que existem sempre, as energias renováveis “são muito mais benéficas do que os combustíveis fósseis. Disso não há dúvida”, reiterando que a ciência “é muito clara e negar isso é um contrassenso absoluto do ponto de vista do conhecimento científico”. No entanto, “é preciso otimizar processos de extração e de produção dos recursos”.

Deu ainda como exemplo a eletrificação, que utiliza recursos minerais, que têm impactos significativos em algumas zonas do globo. Isso provoca efeitos negativos em contextos que, muitas vezes, estão deslocalizados face aos países que mais consomem essa energia”.

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