Terça-feira, 10 de Dezembro de 2024
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Associação Portuguesa de Imprensa defende medidas urgentes para o setor

A Associação Portuguesa de Imprensa (APImprensa) considera que são necessárias "medidas urgentes" para a imprensa e apontou que a atual situação da Global Media Group (GMG), dona da TSF, Diário de Notícias (DN), Jornal de Notícias (JN) e O Jogo, é "exemplo do estado extremamente débil" do setor.

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Em comunicado, a associação diz sentir “uma grande preocupação pelo futuro da imprensa em Portugal, solidarizando-se com todos os editores e demais profissionais do setor, que estão a atravessar esta fase muito complicada do ponto de vista económico e que está a ser acompanhada atentamente” pela APImprensa.

Considera mesmo que as notícias que têm vindo a ser divulgadas sobre a Global Media Group “são mais um exemplo revelador do estado extremamente débil em que se encontra uma parte significativa da imprensa portuguesa”, e aponta que a associação “tem vindo a alertar, nos últimos anos, para a sistemática falta de políticas públicas que deem uma resposta cabal aos problemas da comunicação social, que defendam a pluralidade e a sustentabilidade dos editores de imprensa e, assim, preservem a democracia portuguesa”.

No mesmo comunicado a APImprensa afirma que tem também apresentado “um conjunto de propostas e medidas assertivas para inverter o rumo atual”, como “a compra antecipada de publicidade institucional, a criação de linhas de crédito bonificado para os editores, modelos de incentivo aos anunciantes de imprensa, acesso simplificado aos mecanismos de incentivo e apoio do Estado e campanhas de sensibilização para a iliteracia mediática”.

No entanto, estas têm sido “sistematicamente ignoradas pelo poder político executivo ao longo dos anos”, afirma a associação, sublinhando que se estas forem postas em prática “permitirão que os editores de imprensa possam readaptar os seus modelos de negócio, sendo por isso fundamentais para que se mantenham financeiramente saudáveis e possam desempenhar o seu importante, insubstituível e cada vez mais relevante papel num mercado tão competitivo e desregulado como o digital”.

A entidade sublinha ainda que as responsabilidades do Estado e de todos intervenientes políticos no ecossistema da imprensa “devem ser avaliadas” e “não podem ser encaradas levianamente pelos partidos políticos”.

Nesse sentido, a APImprensa defende que “é urgente a criação de uma entidade pública que permita ao Estado tomar as decisões corretas em tempo oportuno e não deixar acontecer situações como a que está a viver a Global Media Group”.

Isto porque “a imprensa em Portugal está a reinventar-se – vejamos o que está a acontecer noutros grupos de edição de imprensa – e necessita do apoio de todos, pois é a todos que a imprensa serve no seu papel escrutinador na defesa e garantia da democracia”, insiste a associação, que apela a “todos os agentes políticos que executem as necessárias ações para, de uma vez por todas, e a exemplo do que acontece em algumas das democracias mais avançadas do mundo, valorizem o papel das empresas jornalísticas que diariamente contribuem, com o seu poder de informar, para um Portugal com futuro”.

“A forma amorfa como tem sido encarada pelo Estado a subsistência da imprensa no nosso país deve ser repensada antes que seja tarde demais”, critica a APImprensa, que se afirma disponível “para fazer parte da solução deste que é um enorme problema nacional”, pois “não há democracia sem imprensa”.

Entretanto, as redações do DN, JN, TSF e O Jogo aprovaram a realização de uma greve a 10 de janeiro, último dia do programa de rescisões da GMG, depois de na quinta-feira a administração do grupo ter informado os trabalhadores de que não tem condições para pagar os salários referentes a dezembro, afirmando que a situação financeira é “extremamente grave”, e depois de a 6 de dezembro, em comunicado interno, a Comissão Executiva da GMG, liderada por José Paulo Fafe, ter anunciado que iria negociar com caráter de urgência rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação que disse ser necessária para evitar “a mais do que previsível falência do grupo”.

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