As mais recentes classificações das agências de notação financeira da dívida pública nacional são excelentes testemunhos da bondade desta opção. O esforço para atingir esses objetivos deve ser de todos e proporcional à capacidade de todos, indivíduos e empresas.
Há uns anos, o Governo, indo mesmo além das exigências da troika, achou por bem impor aos cidadãos, em geral, um autêntico garrote. Foram os cortes no subsídio de férias e de Natal; o aumento nos transportes públicos; o aumento de impostos – IVA – no gás e na eletricidade de 6% para 23%; o aumento dos impostos sobre veículos e sobre imóveis; aumento do preço da eletricidade, mais que uma vez; corte nos salários de 3,5% e 10%; diminuição da taxa de dedução no IRS das despesas de saúde e de habitação. Como facilmente se constata, foram sobretudo os cidadãos, enquanto trabalhadores, pensionistas e contribuintes que sofreram de maneira mais dura as consequências dessas políticas que o Ministro das Finanças de então classificou como “enorme aumento de impostos”. Exigiu-se aos cidadãos o maior esforço para solucionar os problemas. Uma das taxas foi apelidada de “contribuição extraordinária de solidariedade”. Na verdade, tratava-se de um esbulho a quem já era solidário através dos impostos.
Não se estranha que, na atual conjuntura, com a inflação a subir e com o aumento da energia a ultrapassar tudo o que seria razoável, dando, aliás, motivo para que certas empresas aumentassem o preço dos produtos ou serviços, se fale em aplicar uma taxa excecional às empresas que mais lucros obtiveram com a situação que se vive, no momento, na União Europeia. Será um importante sinal político, sem dúvida. Mas trata-se de maior equidade. Como referiu Ursula Von der Leyen no debate do Estado da União Europeia, “na nossa economia social de mercado, o lucro é algo positivo, mas nos tempos que vivemos, não é correto embolsar lucros extraordinários e sem precedentes em função da guerra e à custa dos consumidores. É o momento de partilhar estas receitas e canalizá-las para quem mais precisa”. Propõe-se que as empresas cooperem neste esforço coletivo, tornando as contas certas mais solidárias.