Comentando uma afirmação do presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que disse que “Portugal está mais de uma década atrasado no investimento em investigação”, tanto as convidadas como os comentadores do programa, Anabela Oliveira e Paulo Reis Mourão, não esconderam que o investimento está, de facto, “aquém do desejado”.
“Quando se compara a nossa investigação com a de outros países notam-se clivagens”, refere Paulo Reis Mourão, acrescentando que “há uma diferença significativa não só a nível remuneratório, como também a nível de estabilização na carreira e nos instrumentos que são cedidos. É mais fácil ter financiamento na Itália, Roménia ou Bulgária do que em Portugal”.
Anabela Oliveira, por exemplo, destaca o facto de “os bolseiros terem uma carreira incerta, com anos de trabalho precário”. Já os mais velhos, “estão atolados em burocracia e para fazerem investigação ficam sem férias ou fins de semana”. E vai mais longe dizendo que “nos Estados Unidos, os nossos colegas dão aulas meio ano e outro meio ano estão a fazer investigação”.
E as diferenças são notadas por quem chega à UTAD, vindo de outros países. “Aquilo que eu costumo dizer é que em Portugal fazemos muito com pouco. É a chamada omelete sem ovos porque mesmo sem meios arranjamos forma de contornar a questão e apresentar um trabalho brilhante, tão bom ou melhor que os dos nossos colegas do estrangeiro”, frisa Sílvia Afonso, acrescentando que “recentemente tivemos um colega do Chile. Quando se apercebeu da nossa situação precária ficou chocado”.
Já Isabel Pires espera que a situação melhore e que “o Plano de Recuperação e Resiliência possa ajudar” nesse sentido, como é, também, a vontade do presidente da República.
Veja o vídeo em: www.avozdetrasosmontes.pt/contrasenso-ep-42/
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