Entre 2010 e 2019 (último ano antes da pandemia), o país registou uma taxa de crescimento médio anual de 7,2% nas dormidas, o que se traduz num aumento de 37 milhões de dormidas, em 2010, para 70 milhões de dormidas, em 2019, o maior valor de que há registo. Observou-se igualmente, nas receitas turísticas, uma taxa média de variação anual de 10,3%, no mesmo período, o que permitiu que, de 7,6 mil milhões de receitas, em 2010, o aumento fosse para 18,3 mil milhões, em 2019.
Este crescimento do setor do turismo em Portugal tem sido muito benéfico para a economia portuguesa, sobretudo num contexto de menor crescimento económico nos outros setores, o que tem conduzido a uma maior dependência do turismo no Produto Interno Bruto (PIB) português. Em 2019, Portugal era o 5.º país da UE em que as receitas do setor do turismo e viagens, contabilizadas na balança de pagamentos, pesavam mais no PIB (9%), apenas superado pela Croácia (19%), Chipre (13%), Malta (12%) e Grécia (10%).
Tendo em conta a relevância deste setor em Portugal, e uma vez que o setor do turismo foi um dos mais afetados pela pandemia, o nosso país foi um dos países da UE que viu a sua economia encolher mais. O peso das receitas do turismo no PIB português baixou drasticamente para 3,9% em 2020, tendo recuperado ligeiramente para 4,7% em 2021.
Em 2022 a expectativa é de que a percentagem fique muito próxima do que se verificava em 2019, a rondar os 8%. De Janeiro a Outubro de 2022, as receitas turísticas internacionais atingiram 18,6 mil milhões €, um crescimento de 15% face ao período homólogo, em 2019, sendo que Rita Marques, Secretária de Estado do Turismo, estimava, no final de Setembro, que seria atingido o valor de 20 mil milhões € no ano transato.
Prevê-se que o setor do turismo continue a crescer a bom ritmo a médio/longo prazo, o que é naturalmente uma boa notícia. Infelizmente, a maioria dos setores da nossa economia crescerão a um ritmo inferior, tornando a nossa economia ainda mais dependente do turismo nos próximos anos. No entanto, a pandemia ajudou a perceber que a diabolização que assistimos antes da pandemia contra o turismo estava com a mira errada.
O problema da “dependência” do turismo não reside neste setor, mas sim no resto da economia cuja competitividade está muito aquém do nosso turismo e que colocam Portugal próximo da cauda da Europa em termos de riqueza gerada (nomeadamente, PIB per capita).