Segunda-feira, 10 de Novembro de 2025
No menu items!
InícioLamegoDebate muito focado no passado e pouco no futuro

Debate muito focado no passado e pouco no futuro

Francisco Lopes (PSD/CDS-PP) e José António Santos (PS), candidatos à Câmara de Lamego, estiveram frente a frente num debate organizado pela VTM, onde a CDU e o Chega não marcaram presença por indisponibilidade de agenda.

-PUB-

Aquilo que era para ser um debate de ideias e propostas de Francisco Lopes e José António Santos, candidatos à Câmara Municipal de Lamego, acabou por se tornar num momento de troca de acusações de parte a parte, sobre o que foi ou não feito nos últimos anos.

José António Santos, que em 2005 perdeu a câmara para Francisco Lopes, quer recuperar a autarquia para o PS e criticou a gestão dos sociais-democratas. “Lamego não parou no tempo, regrediu. Perdeu, nos últimos 20 anos, inúmeras instituições e empresas”, frisou, acrescentando que “perdeu na construção civil, comércio”. No seu entender, “há falta de esperança nos jovens em construir vida no concelho que os viu nascer. É preciso mudar a agulha, com um projeto de desenvolvimento para Lamego”.

Caso seja eleito, José António Santos tem como prioridade “a aposta na economia”, defendendo a necessidade de se “desburocratizar processos na câmara”, porque “atualmente, a câmara demora um a dois anos a aprovar projetos de construção, o que é incomportável”.

Em resposta, Francisco Lopes disse não ser verdade, recuando ao tempo de governação do seu opositor. “A câmara municipal tinha um plano de urbanização de 1959 e foi isso que matou as nossas empresas de construção civil, porque estiveram anos e anos sem poder edificar”.

Sobre a perda de população e poder de compra, o candidato da coligação PSD/CDS-PP diz que “os números são claros”, referindo que “entre 1995 e 2005, o poder de compra caiu continuamente, ao contrário do que aconteceu a nível nacional”. Hoje, Francisco Lopes, que é o atual presidente da câmara, diz que “temos feito muito pelas pessoas e pelas empresas”.

Questionados sobre como fazer de Lamego um concelho atrativo, e tendo em conta o ranking que foi publicado, há dias, pelo Instituto + Liberdade, que coloca Lamego na 177ª posição, de 186, Francisco Lopes defende que “se mudem os critérios do ranking”, que entende “estar mal feito”.

“Os rankings valem o que valem, o que realmente importa é o que as pessoas sentem no dia a dia e, nesse aspeto, penso que o trabalho que temos feito corresponde às necessidades das pessoas”, afirma Francisco Lopes.

Do lado do PS, o candidato voltou a defender a desburocratização e criticou o facto de “o engenheiro Francisco Lopes, quando chegou à câmara, subiu as taxas urbanísticas para taxas exorbitantes. Precisamos de mudar isso, assim como outras taxas municipais, como é o caso da derrama.

SAÚDE

Um dos temas que gerou mais controvérsia foi o novo parque de saúde, cuja nova localização foi criticada por José António Santos. “Foi uma decisão que fez aumentar o valor do projeto, anunciado por quatro milhões de euros. Quando engenheiro (Francisco Lopes) tomou posse suspendeu o processo, decidiu mudar a localização do parque de saúde e fez aumentar os custos para mais de 10 milhões de euros”.

“Não sou contra a construção deste parque, mas sim contra a sua localização”, frisa o socialista, apelidando de “trapalhada” a decisão do atual executivo. “E há dias perguntei ao candidato do PSD qual o valor do terreno da nova localização, sendo que anterior era de graça. Disse-me que custou 300 mil euros, mas fomos a ver e era mais de 400 mil”.

Em resposta, Francisco Lopes explicou que “trata-se de um edifício de quase cinco mil metros quadrados, que não cabia no terreno onde estava previsto ser construído”, acrescentando que “o parque de saúde proposto pelo PS era uma fraude, um mero exercício eleitoral, para tentar salvar o doutor Ângelo Moura da derrota”.

O parque de saúde “estará concluído em julho de 2026 e é financiado a 100% pelo PRR”, garante o candidato do PSD/CDS-PP.

José António Santos espera que “esse prazo se cumpra”, salientando que “caso isso não aconteça, se a obra não ficar concluída até agosto, o financiamento não vai ser 100%, vai ser de 0%”.

Quanto a propostas, o candidato do PS destaca “a criação de serviços de saúde de proximidade e que todas as freguesias tenham, pelo menos, um balcão SNS, para evitar deslocações à sede de concelho”.

FREGUESIAS

Mas foi já perto do final do debate que a conversa subiu de tom. Ao falar sobre as freguesias, Francisco Lopes realçou os investimentos dos últimos, assumindo que “neste mandato investimos mais de 10 milhões nas freguesias”. Destacou a construção de centros cívicos em Cambres, Valdigem, Sande e Lalim, assim como, através do PT2030, a requalificação urbana, nomeadamente em Cambres e Britiande. Francisco Lopes destacou, também, a melhoria das acessibilidades e o saneamento em Penajoia.

Sobre estes investimentos, José António Santos mostrou-se “admirado”. “A minha alma está pasma. Saneamento na Penajoia que ninguém o vê, centro cívico em Cambres que ninguém o vê. 10 milhões para as freguesias que ninguém vê. Aquilo a que o engenheiro se refere como centro cívico de Cambres está exatamente igual ao que deixei há 20 anos”.

“A obra está adjudicada por 800 mil euros e vai arrancar em breve”, indicou Francisco Lopes.

Quanto ao centro cívico de Valdigem, “durante 20 anos ninguém quis saber, mas agora, a correr, e porque temos eleições, as obras avançaram”, alertou José António Santos, assumindo que “não foi a junta de freguesia que falhou, como se diz. Foi a câmara, porque havia um protocolo entre as duas, para que a autarquia desse apoio financeiro. Quando o senhor engenheiro tomou posse, porque o presidente de junta era de outro partido, fechou-lhe o gargalo e falhou com o financiamento”.

Francisco Lopes reagiu às acusações insinuando que o candidato do PS estava a mentir, mas assumiu que “havia um protocolo, que não foi cumprido porque houve uma penhora e o tribunal mandou entregar o dinheiro”.

O debate pode ser visto na íntegra AQUI

APOIE O NOSSO TRABALHO. APOIE O JORNALISMO DE PROXIMIDADE.

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo regional e de proximidade. O acesso à maioria das notícias da VTM (ainda) é livre, mas não é gratuito, o jornalismo custa dinheiro e exige investimento. Esta contribuição é uma forma de apoiar de forma direta A Voz de Trás-os-Montes e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente e de proximidade, mas não só. É continuar a informar apesar de todas as contingências, nunca paramos um único dia.

Contribua com um donativo!

VÍDEO

Mais lidas

PRÉMIO

ÚLTIMAS NOTÍCIAS