Estão agora a ser avaliados os pareceres enviados ao Instituto do Ambiente, relativos à futura A4. Os pareceres sublinham as falhas e as “dramáticas implicações” das hipóteses apresentadas e a população vila-realense já elaborou mesmo um abaixo-assinado, subscrito por mais de 2.300 pessoas, apelando por uma nova proposta.
Apesar do Instituto do Ambiente se escusar a contabilizar o número de pareceres resultantes da consulta pública do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do troço da Auto-estrada número 4 (A4), entre Vila Real e Bragança, que terminou no dia 2, o Nosso Jornal conseguiu apurar que foram dezenas os vila-realense que se manifestaram sobre o projecto, entre os quais um grupo de especialistas em Ambiente da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
“Não é possível dar essa informação”, garantiu, ontem, uma fonte do Instituto do Ambiente, entidade que vai, “até ao final do Verão”, proceder à avaliação das contribuições, elaboradas no âmbito da Consulta Pública.
De recordar que o traçado prioritário definido no EIA motivou a contestação da população de várias freguesias de Vila Real (Folhadela, Parada de Cunhos e Constantim), por implicar a demolição de casas e a construção de um viaduto de 2.700 metros, tendo sido mesmo elaborado um abaixo-assinado que foi subscrito por mais de 2.300 cidadãos.
Já o parecer da UTAD que também foca várias críticas às duas hipóteses de traçado, explica que, no sublanço em causa, “o estudo exaustivo da possibilidade de aproveitamento do Itinerário Principal 4 (IP4) é negligenciado, quando é justamente a zona mais sensível, para implantação de lanços inteiramente novos”.
“A proposta de construção de lanços inteiramente novos devia basear-se na completa impossibilidade de aproveitar vias existentes, como o IP4”, defendem os especialistas da UTAD, sublinhando, ainda, o facto de que o projecto de construção da nova via rodoviária, entre Parada de Cunhos (Vila Real) e Quintanilha (Bragança), prevê o aproveitamento de cerca de 80 por cento do corredor do actual IP4, sendo a zona de Folhadela/Parada de Cunhos uma das poucas excepções à regra.
Os investigadores da UTAD não esquecem, também, o facto de a proposta representar um atentado ecológico, não só pelo impacto visual que um viaduto de cerca de três quilómetros vai causar na paisagem, mas porque se trata de uma zona classificada como Rede Natura 2000”.
“Esta Solução 1, ao atravessar o sector mais a Norte deste Sítio da Rede Natura 2000 “Alvão-Marão”, viola, nitidamente, os compromissos assumidos pelo Estado Portu-guês, em matéria de política ambiental”, relata o mesmo parecer.
Maria Meireles