A rede social Facebook serve de base para o projeto e a Junta de Freguesia de Mondrões, em Vila Real, cedeu temporariamente uma sala para guardar os donativos.
Raquel Silva, de 43 anos e funcionária no hospital de Vila Real, e Ana Santos, de 41 anos e esteticista, afirmaram hoje que a ideia de ajudar já era antiga, mas concretizou-se em fevereiro por causa de uma família e de um bebé que estava quase a nascer.
A avó, de 63 anos, que não quis dar o nome, explicou que foram “meses difíceis”, em que só ela trabalhava e o filho e a nora, grávida, ficaram sem trabalho por causa da pandemia de covid-19.
“Começou pelo desemprego. Eles não tinham trabalho, depois fechou tudo devido ao confinamento e eu queria comprar as coisas para o meu neto e não sabia como havia de fazer”, contou aos jornalistas.
A sexagenária disse que o seu ordenado de pouco mais de 600 euros era o único que entrava na casa onde vivem cinco pessoas. “A pandemia castigou e castigou mesmo”, referiu.
Confrontadas com a dificuldade desta família, Raquel e Ana uniram-se, pediram ajuda através das redes sociais e conseguiram arranjar desde o carrinho para o bebé, às fraldas e roupas.
Agora, a avó aponta para uma luz ao fundo do túnel e referiu que os pais da criança, que nasceu há cerca de um mês, vão começar a trabalhar em breve.
Raquel Silva referiu que depois de uma publicação naquela rede social, em que pediam doações para o bebé, apareceram “pessoas muito generosas” que fizeram “muitas doações” e este “foi o clique” que faltava para o concretizar da iniciativa “Diz-me o que precisas”.
“O importante, sem dúvida alguma, é ajudar as pessoas mais carenciadas, mas um dos nossos objetivos é também criar uma onda de reaproveitamento”, salientou Ana Santos.
Reaproveitamento de, por exemplo, equipamentos, de calçado, de roupa e brinquedos, permitindo às famílias uma maior poupança. “Queremos apenas ajudar”, frisou.
A pandemia trouxe desemprego e também dificuldades financeiras a algumas famílias que, confrontadas com esta nova realidade, têm vergonha de pedir ajuda.
Raquel Silva referiu que a iniciativa garante “o total anonimato”, tanto de quem dá como de quem recebe.
Disse ainda que o que é mais pedido pelas famílias é roupa, calçado e, ultimamente, também alimentação e produtos de higiene e adiantou que, neste momento, ajudam entre 10 a 15 famílias.
Com o crescimento desta “onda de solidariedade”, as duas amigas ambicionam, agora, com a criação de um espaço, uma espécie de loja social no centro da cidade, onde lhes fosse possível expor os materiais e facilitar a doação.
No distrito de Vila Real havia, na terça-feira, 98 casos ativos de infeção pelo novo coronavírus. O concelho de Vila Real registava três casos positivos.
De acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde, em Portugal, morreram 16.951 pessoas dos 831.645 casos de infeção confirmados desde o início da pandemia.