Enquanto que no período 2014-19 o crescimento médio anual do PIB per capita na UE, em paridade de poderes de compra, foi de +2,0%, no período 2019-24 o crescimento médio no espaço comunitário abranda para apenas +0,6%. Portugal não é um dos países onde o abrandamento do crescimento económico é mais significativo, passando de um crescimento de +2,8% entre 2014-19 (reflexo da recuperação económica pós-Troika) para +1,1% entre 2019-24.
Portugal é um dos países da UE menos afetados pela guerra, devido à sua posição geográfica. Essa realidade traduz-se numa menor dependência do comércio externo português (menor peso das importações e exportações) e em menor dependência energética da Rússia e da Ucrânia, em comparação com outros países da UE. Portugal tem sido afetado, sobretudo, de forma indireta, através da elevada inflação que se verifica na conjuntura atual.
No entanto, o crescimento económico português no período 2019-24 é bastante afetado pelo enorme impacto da crise pandémica e da conjuntura económica nacional. Entre 2019 e 2021, o PIB per capita português caiu 2%, sendo que apenas a Espanha teve pior desempenho nesse período (o crescimento médio na UE foi de +3%).
Agregando os anos da crise pandémica e da guerra, entre 2019 e 2024, o ritmo de crescimento económico português irá ser o 13.º mais elevado na UE. Neste período, o PIB per capita português crescerá +1,1%/ano, percentagem inferior à de grande parte dos países com PIB per capita, em paridade de poderes de compra, abaixo da média da UE e muito distante de países como a Irlanda (+5,2%), Croácia (+3,2%) e Roménia (+3,0%). A economia romena irá mesmo ultrapassar a portuguesa, até 2024.
A menor exposição portuguesa à instabilidade geopolítica internacional deveria servir para potenciar uma maior convergência de Portugal à União Europeia. Apesar de se verificar alguma convergência (crescemos mais do que a média), continuamos aquém do ritmo de crescimento das economias mais comparáveis com a nossa (como as economias de leste, no que diz respeito ao PIB per capita), pelo que esta tendência de crescimento parece uma vez mais bastante escassa.