Aqui, na Campeã em ambiente de atmosferas temperadas e calmas, frei Vicente viveu e cresceu na sua intelectualidade e espiritualidade. Na beleza da paisagem ele tecia os sons da harmonia celeste. A música pura que espalhava o amor e os aromas, anunciava o encantamento do milagre da vida.
O culto do belo tem preenchido o tempo e as vidas dos povos de Mateus e da Campeã. Duas terras que sentem o conforto das suas vidas através da arte e mais especificamente pela maravilha e profundidade dos sons musicais.
Há muito pouco tempo, Campeã esteve em festa… sublimado no fervor a frei Vicente, o povo acorreu em massa. Nos rostos desenhavam-se expressões calorosas de alegria e felicidade. A Igreja de Santo André era o epicentro das várias manifestações de júbilo e de cumprimento de um alto preceito cristão: “a comunhão solene de crianças da freguesia.” Estas, mais pareciam anjos na sua beleza e candura. E elas irradiavam nos semblantes uma enorme alegria por estarem ali acompanhadas por música vibrante e imensa tocada e cantada pela Banda de Mateus. Cânticos sublimes de força espiritual, de luz incandescente que mereceram da assistência os mais elevados elogios. Campeã participou na festa em devoção a frei Vicente.
Nestes lugares de contemplação e paz, o frei inspirado para Deus e para a música, desenhou a estrutura de um conjunto instrumental. Na Casa de Urros daria a essa formação o nome de Banda de Música de Mateus.
Afinal há uma identidade e cumplicidade entre dois povos com uma história de passado comum ligada pela Banda de Mateus que o frei fundou.
Padre Queirós, angariador de sensibilidades espirituais e humanas tem sido bafejado pela palavra simples e sábia e tem sabido transportá-la às pessoas da Campeã em alegria plena e esperança renovada. Ele sabe como poucos catequisar as pessoas que nele encontram sempre uma palavra amiga coberta de bonomia e sorriso. Mateus e Campeã, manifestam-lhe a gratidão empenhada por ele ter sabido evidenciar a irmandade das duas terras em frei Vicente, visando uma vida mais humanizada e solidária.
Depois de uma procissão muito participada e inspiradora, os sons da banda deram luz e claridade, projetando essa harmonia para lá dos horizontes, convidando o povo à penetração da fé e ao silêncio. O momento mais alto e sublime estava para vir… e aconteceu com o descerramento de uma lápide onde está inscrito em letras vertidas de emoção:
Homenagem a frei Vicente
“Na exaltação dos povos de Mateus e da Campeã, está a grandeza humana e espiritual de frei Vicente fundador da Banda de Música de Mateus.”
Na lápide de homenagem inscrevi esta alusão a alguém que continua a fazer parte da minha vida. Ao escrever aquelas palavras, senti forte emoção, lembrando um mundo da minha alegre infância e que hoje abraço mais forte uma formação musical que me viu nascer, venerando através dela frei Vicente.
A ele lhe devo a entrega do meu amor à música e à banda que ele fundou. Na constelação de poetas e músicos que passaram por Mateus, fico feliz em saber que ainda hoje há elementos consagrados da banda que se deixam apanhar e enfeitiçar pelos sons que tocam na velha coletividade. Eles têm em frei Vicente a luz da sua inspiração artística e humana.