A gancha, um rebuçado em forma de bengala feito à base de água e açúcar, é o elemento central desta tradição. Durante dois dias, a Vila Velha, onde se situa a capela de São Brás, enche-se de barraquinhas das doceiras locais, que tornam o ambiente festivo e colorido.
Fátima Pinto deu um toque especial à sua banca ao cantar uma música típica deste dia, para atrair clientes. Teresa Pinto, da mesma família, partilhou com a VTM que esta é uma tradição que vem de há muitos anos, “dos meus avós, tios, pais. Agora estamos nós”.
Contudo, manifesta alguma preocupação quanto à continuidade da tradição. “Quando nós partirmos, um dia, não sei se os filhos vão continuar”, lamenta.
Outra vendedora, Ivone Pinto, de 41 anos, pretende manter uma tradição que “já vem dos seus bisavós”. Este ano inovou, ao criar ganchas em tamanho reduzido, pensadas especialmente para as crianças.
Também para Carlos Barroso, esta é uma tradição que passou de geração em geração e nada passa despercebido, “desde o cheiro, até á curiosidade de como é feito o doce. Queremos aprender e não queremos que a tradição morra”.
Apesar do espírito festivo, Teresa Pinto confessa que o negócio podia correr melhor “se a câmara municipal nos ajudasse ao trazer mais atividade para aqui, para chamar mais pessoas. A gente agradecia”.
“As pastelarias também estragam um bocadinho”, acrescenta Ivone Pinto.
A origem desta tradição terá tido origem no século IV, quando uma mulher pediu a São Brás para salvar o seu filho, que tinha uma espinha entalada na garganta. O santo realizou o milagre e, desde então, foi escolhido para ser o protetor das doenças da garganta. Julga-se que a forma da gancha em bengala estará relacionada com o báculo episcopal do santo, que era bispo.
Cumprida a tradição, em dezembro é a vez das mulheres retribuírem, oferecendo o pito aos homens.