Segunda-feira, 10 de Novembro de 2025
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Vila RealPalácio de Mateus: “Um ex-libris da região”

Palácio de Mateus: “Um ex-libris da região”

O Palácio da Casa de Mateus, também designado por Casa de Mateus, é um ex-libris de Vila Real. Foi mandado construir na primeira metade do século XVIII pelo 3.º Morgado de Mateus, António José Botelho Mourão, tendo a construção da capela sido finalizada pelo seu filho D. Luís António de Sousa Botelho Mourão, em 1750.

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O edifício da Casa de Mateus é considerado um dos monumentos mais representativos do estilo barroco no Norte de Portugal e um dos mais característicos da Europa, tendo sido classificado como monumento nacional em 1910.

A casa foi sempre administrada pela família Sousa Botelho e o projeto foi desenhado pelo arquiteto Nicolau Nasoni. 

Logo à entrada, deparamo-nos com um espelho de água, onde salta à vista uma “Menina Deitada”, uma escultura de João Cutileiro, que foi trabalhada a partir de um só bloco de mármore e que faz parte da Casa de Mateus desde 1981.

Mas o Palácio oferece muitas mais atrações para os visitantes, incluindo a visita à casa principal, aos jardins, à capela e à adega. Dentro da casa, destacam-se a biblioteca com a edição ilustrada de “Os Lusíadas” (editada em 1816), livros antigos, mobiliário de diferentes épocas e objetos de prata e cerâmica. Os jardins são famosos pelas roseiras e camélias, a capela e adega também são pontos de grande interesse. 

Teresa Albuquerque, diretora da Fundação da Casa de Mateus, revela que as pessoas que visitam o espaço (mais de 80% são estrangeiros) “ficam surpreendidas” com aquilo que encontram aqui. 

“É uma casa que desde que foi construída no século XVIII, e ao ter-se mantido sempre sob administração da mesma família, em vez de se ter dispersado os bens e as coleções museológicas, foram-se somando ao longo dos séculos, o que é raríssimo”. 

Teresa Albuquerque destaca também o Arquivo, que tem um “valor extraordinário”.

“É um arquivo que tem documentos do século XIV até à atualidade. Aqui estão reunidos acervos de várias famílias. São testemunhos muito importantes para a história social, agrícola e política, mas também para a história da administração das Casas”, sublinha Teresa Albuquerque, adiantando que todos os anos “temos vários investigadores que vêm estudar determinadas partes do nosso arquivo. Em particular, o D. Luís António, que foi muito importante no Brasil e os brasileiros estudam-no muito”. 

Já a biblioteca “é uma subsecção do arquivo, sendo também um testemunho das vidas das pessoas desta Casa”, acrescenta.

Em 1823, Dom José Luís de Sousa Botelho Mourão e Vasconcelos recebeu o título de conde de Vila Real. Em 1970, o 13.º Morgado de Mateus, Dom Francisco de Sousa Botelho de Albuquerque, decidiu criar a Fundação e doou, para fins de serviço público, o palácio e os seus jardins, assim como o extenso espólio constituído por obras de arte, mobiliário, arquivo e biblioteca. Desde essa altura, a Fundação “tem feito um “grande trabalho na preservação do património histórico e de dinamização cultural”.

LIGAÇÃO À CIDADE

Em ano de centenário da cidade, Teresa Albuquerque lembra que a Casa de Mateus já cá estava em 1825. “As histórias desta Casa e de Vila Real estão intimamente ligadas, do ponto de vista físico, topográfico, partilhamos o mesmo espaço. Por exemplo, o facto de Vila Real estar integrada na Região Demarcada do Douro também teve uma intervenção de um dos administradores desta Casa. O neto do primeiro Conde de Vila Real foi governador da cidade. E foi ele que tirou a estrada pública e a pôs onde ela está agora, a Estrada Nacional 322, que passava entre as Casas da Adega e da Capela e era uma estrada extremamente estreita”, sublinha a responsável pela Casa de Mateus. 

Teresa Albuquerque relembra que são uma instituição de interesse público, mas de gestão privada. “Nós temos de conseguir os recursos para manter esta casa visitável. Pelo que temos de cobrar bilhete, que é a nossa fonte de financiamento, mas não queremos deixar de ter esta relação de proximidade com a comunidade”. Para isso, há muitas atividades culturais, que “não estão sujeitas ao pagamento de uma entrada, apenas a reserva, porque os nossos espaços são limitados… qualquer vila-realense que queira visitar os jardins e participar nas atividades culturais, tem a oportunidade de o fazer sem que isso seja um custo para ele. Gostaríamos que a comunidade local estivesse mais presente, até porque dependemos muito do estrangeiro”.

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