Existe um efetivo de 6.067 ovinos machos e fêmeas de raça churra mirandesa, repartidos por 75 produtores do Planalto Mirandês (Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso).
Os produtores, já começaram a fazer contas à vida e alguns pensam mesmo desistir da atividade.
“A chuva de março foi claramente insuficiente. Se a isto acrescentarmos o aumento dos custos dos fatores de produção como os combustíveis, rações ou fertilizantes devido aos danos colaterais da guerra na Ucrânia, há muitos produtores com vontade de desistir. Os produtores estão sufocados devido a estas contingências”, confessa Andrea Cortinhas, secretária técnica da Associação Nacional de Criadores de Raça Churra Mirandesa.
De acordo com a técnica, os ovinos de raça churra mirandesa têm assistido a um diminuição do efetivo e a componente pecuária é sempre uma parte complicada para cativar gente jovem, caso não haja apoios concretos para o setor.
“Estamos a tentar convencer os criadores para manterem a suas produções, mas estamos com falta de argumentos para os motivar. A idade também já pesa em alguns produtores e sem medidas de apoio não é fácil cativar os mais jovens para este setor”, explicou.
Andrea Cortinhas vincou, ainda, que se não chover durante o mês de abril, a produção de fenos e forragens está ainda mais comprometida e, com o aumentos de combustíveis e nitratos (fertilizantes) para trabalhar a terra, “os produtores vão ter de pagar para produzir, em vez de terem algum retorno económico.
Que o diga Francisco Lopes, produtor de Malhadas, no concelho de Miranda do Douro.
“Temos que ser resistentes para manter a atividade. Estamos a falar de uma raça de crescimento lento. Demora mais tempo a criar os animais, o que não os torna tão rentáveis. A seca e a pandemia também não ajudam à produção”, frisa.