Quarta-feira, 9 de Outubro de 2024
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Pontes de arame na moda… menos “a” Ponte de Arame

Duas ancestrais aldeias de Trás-os-Montes, Monteiros (Vila Pouca de Aguiar) e Veral (Boticas), são separadas pelo rio Tâmega.

Por iniciativa das populações, em tempos há muito idos, construiu-se uma ponte de arame que irmana os dois lugares, cambiando produtos agrícolas e casamentos, dando passagem a pessoas e gado, a cabras montesas e até – em dias de mais frio e fome – a lobos.

A data da construção já ninguém sabe. Incluída na Listagem do Património Local a Preservar, a Ponte é, porém, mais do que isso: é património global já que, objeto de afeto das gentes locais, é-o também dos muitos emigrantes daquelas localidades.
A Ponte de Arame, ou “Indiana Jones”, como é também chamada vai ficar submersa com a Barragem do Alto Tâmega.

As pontes passadiços estão na moda, sobretudo depois da inauguração da 516 de Arouca. Com os seus modestos 30m, a velhinha Ponte não tem pretensões. Mas, entre a Ponte de Monteiros-Veral e a de Arouca, há uma diferença: é que a primeira foi uma construção comunitária porque fazia falta. E continua a fazer!

A Iberdrola tem sido incansável em cumprir as contrapartidas. No que se refere à Ponte Monteiros-Veral, há, porém, como que um “diálogo de surdos”.

Primeiro foi a procura em encontrar lugar para recolocar a Ponte… mesmo que entre dois campos sem gente. Ou seja, preservar a Ponte como “monumento” e não como equipamento de uso.

Depois, recentemente (carta da Iberdrola à Agência Portuguesa do Ambiente de 18.03.2021), a afirmação de que a questão da Ponte continua a ser estudada, mas que, no que se refere à comunicação entre as margens, esta “seria assegurada através da existência de uma passagem rodoviária na barragem do Alto Tâmega”, sendo que “o trajeto entre Veral e Monteiros é atualmente mais curto por via rodoviária do que o trajeto a pé atualmente existente entre as duas localizações (através da ponte)”.

Esta afirmação revela preocupante desconhecimento. O referido trajeto obriga a uma hora de automóvel em má estrada quando, atualmente, se leva a pé (e a andar devagar) talvez 15 minutos.

Agora, parece que até 30 de junho serão apresentados vários projetos alternativos. Aguarda-se.

Mas a solução é simples: peguem na nossa Ponte, coloquem-na numa cota mais alta (acima das águas, claro), provavelmente aumentem-na um pouco de extensão (não é difícil) e está o assunto arrumado.

É só recolocar o que já lá está colocado. A Ponte continuará a servir as populações e permitirá que as duas localidades não morram lentamente. E, com a previsível albufeira que se formará, Monteiros e Veral poderão até ressurgir, por via do turismo, tendo a Ponte como atração.

Simples, barato e eficaz. O bom senso imperará.

Meus senhores, vamos descomplicar!

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