A posição do autarca social-democrata surge a poucos dias de terminar a discussão publica da proposta do Governo e depois da Comunidade Intermunicipal (CIM) Terras de Trás-os-Montes, da qual Bragança também faz parte, já ter reivindicado alterações.
O presidente da Câmara de Bragança defende que se justificam também posições individuais dos municípios, nomeadamente do da capital de distrito por se tratar daquele para onde está previsto que termine uma nova linha ferroviária.
Hernâni Dias considera “castradora” a proposta do Governo e reclama que seja incluída no PFN uma linha de alta velocidade que ligue o Porto, a partir do aeroporto Francisco Sá Carneiro, a Espanha, na zona de Zamora, em alternativa à solução transfronteiriça proposta pela Governo, mais a sul, a partir de Aveiro até Salamanca.
O autarca garante que esta solução por Trás-os-Montes, que parte de uma proposta já divulgada da Associação Vale D’Ouro, “é mais barata do que a solução Aveiro/Salamanca” e “é mais rápida”, permitindo inclusivamente chegar mais rápido de Lisboa à capital espanhola, Madrid, com a ligação Lisboa/Porto/Vila Real/Bragança/Zamora.
“Há aqui um conjunto de vantagens que não são vantagens para o território trasmontano, mas para o próprio país, que devem ser atendidas e devem ser colocadas na equação ao nível da decisão que vier a ser tomada”, afirmou, numa conferência de imprensa para dar a conhecer a posição do município.
Hernâni Dias destacou que a solução reivindicada serve o transporte de passageiros e mercadorias, sendo que a região Norte é que a mais exporta no país, com um volume anual de “41 mil milhões de euros”.
Para o autarca, “esta pretensão faz todo o sentido, está apoiada pela sociedade civil, por muito municípios da região Norte, pessoas que a título particular farão também e darão o seu contributo na altura devida para uma melhor decisão por parte do Governo”.
Se a proposta não vier a ser equacionada no PFN, o presidente da Câmara de Bragança entende que “não valia a pena haver discussão pública deste documento porque ele estava completamente fechado”.
Bragança é a única região do país sem comboio, desde que no final da década de 1980 e início da década de 1990 fecharam as linhas centenárias como as do Sabor ou Tua, esta última que nunca chegou a cumprir o propósito inicial de ligação a Espanha.
A região é também, segundo disse, a única onde ainda falta cumprir inclusive o plano rodoviário nacional, com estradas por construir, nomeadamente ligações transfronteiriças.
Daí que entenda que a inclusão de ligação a Espanha na linha de alta velocidade “não é sinónimo de que efetivamente a construção seja feita”, mas entende que “é importante” que esteja no plano ferroviário, “sob pena de o território transmontano ficar definitivamente arredado da ferrovia, situação que não é aceitável”.
“Se não se estudar esta solução, tiraremos a conclusão de que efetivamente a discussão pública foi apenas para cumprir calendário porque tudo estava já decidido à partida”, considerou.
A consulta pública do PFN decorre até terça-feira.