Quinta-feira, 5 de Dezembro de 2024
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Qual é o balanço destes oito anos de governação de António Costa?

António Costa apresentou, a 7 de novembro, a demissão do cargo de primeiro-ministro, decisão que irá pôr termo a uma governação que se iniciou no final de novembro de 2015, ou seja, há oito anos. Mas qual é o balanço destes oito anos de governação de António Costa?

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Pelo lado positivo, Portugal reduziu em larga escala a sua dívida pública em percentagem do PIB (de 131% em 2015 para 103% em 2023, de acordo com a estimativa da Proposta de OE para 2024) e aumentou as exportações em percentagem do PIB (de 41% em 2015 para 50% em 2022). No entanto, nestes indicadores Portugal continua a estar no top-8 dos países com pior desempenho na UE. A taxa de desemprego também diminuiu, de 13% em 2015 para 6% em 2022, a taxa de privação material e social severa (percentagem da população considerada em situação de carência económica e social, como falta de dinheiro para pagar contas, aquecer a casa ou estar com amigos ou família) recuou de 10,9% para 5,3% e Portugal passou de 17.º para 22.º entre os países da UE com mais emissão líquida de gases com efeito de estufa per capita.

Pelo lado negativo, a economia portuguesa divergiu face à média na UE, entre 2015 e 2022. No ranking do PIB per capita, em paridade de poderes de compra, perdemos 3 posições, passamos de 18.º para 21.º (em 27 países). Neste período, fomos ultrapassados pela Estónia, Lituânia, Hungria e Polónia e ultrapassamos a Grécia. Estas ultrapassagens juntam-se às da Eslovénia, Malta e Chéquia, que se registaram desde o início do século. A Roménia está prestes a juntar-se a esta lista (previsivelmente ainda este ano), sendo que no início do século era um país muito mais pobre e que exportava muita mão de obra para Portugal (romenos que vinham à procura de melhores condições de vida em Portugal). O salário médio, em paridade de poderes de compra, também perdeu competitividade na UE passando do 12.º mais baixo no espaço económico em 2015 para o 7.º mais baixo. A carga fiscal (em % do PIB) cresceu de 34,4% em 2015 para 37,2% em 2023 (estimativa da Proposta de OE), o valor mais elevado de que há registo. Pioramos 5 posições no Índice de Perceção da Corrupção (de 28.º em 2015 para 33.º em 2022) e o número de utentes sem médico de família subiu de 923 mil em outubro de 2016 para 1,678 milhões em outubro de 2023 (+82%).

Em resumo, verifica-se que após a intervenção da Troika o país recuperou em alguns indicadores relevantes, mas o desenvolvimento da economia continua a ser o principal “calcanhar de Aquiles”, continuando a ficar bastante aquém dos seus pares, associado à falta de reformas estruturais.

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