Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2024
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António Martinho
António Martinho
VISTO DO MARÃO | Ex-Governador Civil, Ex-Deputado, Presidente da Assembleia da Freguesia de Vila Real

Queremos mudar o mundo

Redundante, dirão alguns! De tempos a tempos, surgem movimentos sociais que traduzem utopias (Serão, mesmo, utopias?) da sociedade.

São interpretadas por determinados extratos sociais, normalmente, jovens. Não imaginava eu que, quando registei numa breve referência do meu último “Visto do Marão”, o movimento originado por Greta Thunberg se manifestasse a tão breve prazo na minha cidade. Pois os jovens do ensino secundário de Vila Real, um número significativo, diga-se, participaram na Greve pelo Clima do passado dia 15. Jovens de uma das cerca de 26 localidades do país; uma das muitas localidades de todo o mundo, unindo a sua voz, a sua consciência crítica, o seu espírito cívico, o seu exercício de cidadania ao de muitos outros jovens, espalhados por todo o mundo, afirmando, tal como Greta Thunberg, “façam o que a ciência e as Nações Unidas dizem que é preciso fazer”. Interessante! O Secretário-geral das Nações Unidas António Guterres viu neste movimento um forte aliado; entendeu-o assim.

E fez eco da sua causa num artigo de opinião no Diário de Notícias
As palavras de ordem, simples e diretas eram de fácil compreensão. E quando necessário, à falta de potentes aparelhagens sonoras, recorriam a boas vozes, bem límpidas e timbradas, mesmo depois de uma caminhada desde além da Araucária, com a força da convicção de quem se sente com razão para dizer bem alto “Reciclar não chega”, “Paremos de

Perseguir o Mundo”, “Não há Planeta B”, “A Terra a Morrer, Políticos Só a Ver”, entre outras.

Utopias, dizem uns. Estes jovens deixam a luz do quarto acesa, quando saem, sussurram outros. O que quiseram foi faltar às aulas. Mas a verdade é que eles testemunham perante todos, nomeadamente, perante as gerações mais velhas, uma grande consciência ambiental.

A geração hoje no poder, que se sente questionada por esta geração que, agora, saiu à rua, também teve o seu tempo de utopia, também exigiu “Somos jovens e queremos mudar o mundo”. Foi a Geração do Maio de 68. Também por esse tempo estiveram em confronto velhos e novos padrões, diferentes formas de encarar os problemas e mudar o mundo. A Segunda Guerra Mundial, a Guerra Fria, a Guerra do Vietnam haviam provocado várias tensões na sociedade, interpretadas de modo diferente pelos poderes de então. E foram os jovens, (lembramo-nos?) que saíram à rua, em Paris, em Coimbra, um pouco por toda a parte. Mais recentemente, a vontade, a necessidade de “mudar o mundo” é objeto das conversas que Noam Chomsky relata no seu livro com esse mesmo nome. E convida-nos a refletir sobre as grandes questões que se colocavam à sociedade no início do séc. XXI – as democracias árabes, os desastres nucleares, a “luta de classes” entre grupos sociais, o desmoronamento de instituições políticas e o reforço do poder da extrema-direita.
Hoje, os jovens convidam-nos a olhar com mais atenção para as questões do clima. A consciencialização que eles testemunham merece a nossa atenção. De todos.

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