O gado barrosão, pelas suas características, é desde há muito usado no trabalho e para produção de carne, sendo reconhecida a sua excelente qualidade. A raça autóctone tem a Denominação de Origem Protegida (DOP) “Carne Barrosã” e é cada vez mais procurada e valorizada. Já esteve em risco de extinção, mas o efetivo foi aumentando nos últimos anos, sendo uma marca identitária do território e um emblema do concelho.
Segundo Zélia Poças, uma jovem produtora, apostar nesta raça compensa, “dá sempre mais rendimento que outra qualquer”. Com o marido tem uma exploração com cerca de 30 animais, mais uma dezena de vitelos, que são a principal atividade.
A família do marido já criava animais em Reboreda e o casal assumiu a exploração há cerca de 14 anos. “Senão tínhamos de emigrar, não há aqui outra forma de rendimento, empregos aqui perto não há grande coisa”, afirma.
Explica que é uma atividade que dá muito trabalho e é exigente, já que “não há férias”, mas gosta da vida no campo.
Apesar de dizer que gostaria que houvesse mais ajudas para os produtores, reconhece que é mais valorizada.
A venda dos animais não tem sido um problema, sendo que atualmente é feita a particulares, que acabam de criar os animais, nomeadamente para concursos. “A carne é muito boa, e as características dela é excecional”, sublinha, qualidades que também resultam da alimentação, na pastagem, em lameiros e baldio, andar ao ar livre, terem boas condições no estábulo. “Tudo isso faz bem e, ao produzirem bom leite, a cria vai ter melhor carne”, afirma. Além disso, apenas comem feno e silagem com aveia e azevém.
Por ano, registam cerca de 20 nascimentos de vitelos, o que é apoiado pelo município, desde há 10 anos. Atualmente, por cada nascimento de raça barrosã, são atribuídos 100 euros, até 30 animais, que são entregues na Semana do Barrosão, além disso, a autarquia assume as despesas com a sanidade animal.
No Alto Barroso, a criação de gado barrosão continua a ser predominante e, na aldeia, Zélia diz que quase toda a gente tem bovinos, incluindo dois jovens que escolheram a atividade.
Presente no noroeste do país desde tempos imemoriais, a raça Barrosã é o resultado da seleção e adaptação ao longo do tempo, nomeadamente pelo tempo e orografia agreste, estando adaptada às zonas de montanha.