Com o aproximar de novas obras, em resultado do incremento do PEDU (Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano), seria bom reflectir sobre as intervenções que se avizinham.
Embora concordando com a necessidade de intervenção no espaço da cidade, penso que é esta a oportunidade para, em vez de um simples “lavar de cara”, fazer intervenções muito mais ambiciosas, verdadeiramente estruturantes para o futuro da cidade e do concelho.
A reabilitação de várias zonas da cidade, como são o caso do Mercado Municipal e da Av. Carvalho Araújo, deveriam ser soluções de médio e longo prazo, realmente facilitadoras da vida das pessoas.
A intervenção no mercado deveria ir muito para além do que se prevê, e ser o ponto de partida para o reconstruir, tornando-o num espaço moderno e atractivo, ao nível do que a cidade precisa e merece.
Deveria ainda, ser a oportunidade para construir um bom parque de estacionamento subterrâneo, com fáceis condições de acesso, e resolver os constrangimentos actuais de estacionamento, não só do mercado, mas de toda a envolvente, em particular do Centro Histórico.
Esta solução, levada a cabo num espaço que já é municipal e a necessitar de requalificação, comparada com a eventual construção de um parque nos terrenos do Seminário, que seria necessário adquirir, é sem dúvida alguma, uma solução, que melhor serve o interesse dos vila-realenses e do próprio Seminário, resolvendo vários problemas, sem criar outros novos.
Permitiria ainda a execução faseada da obra, possibilitando a manutenção em funcionamento das actividades no mercado.
Ao contrário, um parque de estacionamento nos terrenos do Seminário não resolve o problema. É, desde logo, condicionador da reabilitação do edifício do Seminário, uma vez que qualquer utilização futura, será ela própria, consumidora de estacionamento, como o prova a instalação das Águas do Norte, que já ocupam um piso do dito parque.
Outra intervenção a merecer melhor atenção é a que se pretende para a Avenida Carvalho Araújo.
Independentemente do que cada vila-realense pensa sobre a descaracterização, ou não, da Avenida Carvalho Araújo, numa coisa estão quase todos de acordo, é necessário reduzir a circulação automóvel e retirar carros da avenida.
Numa cidade e num concelho com grandes limitações na utilização de transportes públicos, o automóvel, quer se queira quer não, será ainda durante algum tempo o que melhor vai servindo as necessidades.
Compatibilizar estas duas variáveis é sem dúvida uma tarefa difícil, a que a intrincada circulação automóvel, proposta para a travessia da Avenida Carvalho Araújo, vem acrescentar entropia e duplicar tráfego.
Penso que uma boa forma de resolver este problema, seria a construção de uma passagem inferior ao longo de parte da rua Miguel Torga e da Av. 1º de Maio.
Esta obra iria certamente retirar uma boa parte do tráfego que atravessa a Avenida e passaria a ser o acesso ao actual parque de estacionamento, que deveria ser prolongado até às imediações da Sé.
As propostas que aqui deixo implicam naturalmente maior investimento, mas investir é preparar o futuro e a nossa terra merece-o.