Vem isto a propósito dos maus exemplos que têm sido a prática política local e nacional, com acentuado agravamento e com tendência a piorar, por desespero de causa e falta de carácter, que o tempo se encarrega de aclarar.
Passados mais de quatro anos da entrada em funções de novo governo e perante algumas críticas pertinentes e mais que justificadas, a primeira resposta é tentar culpar o governo anterior, que por sinal até retirou o país da quase bancarrota para onde uma governação megalómana, irresponsável e corrupta o tinha atirado.
A nível local, quando o resultado das más opções tomadas põe a nu a natureza errada dessas mesmas opções, a primeira coisa é responsabilizar a oposição.
A falta de reparação do Campo do Calvário é um exemplo paradigmático.
Quer institucional, quer publicamente sempre defendi que na sequência do acidente ocorrido, o Campo do Calvário deveria ser desde logo reparado. De acordo com o que é habitual, deveria ter sido feita uma peritagem para avaliar a situação e executadas as obras de reparação, paralelamente ao apuramento de responsabilidades. Mas quando as contribuições da oposição são liminarmente rejeitadas, não lhe podem ser assacadas responsabilidades.
Perante a incapacidade do Município em resolver o problema, procurou o executivo desde logo responsabilizar a oposição. Enganou-se mais uma vez o executivo, a responsabilidade não é da oposição, que não tem funções executivas nem mandato que lhe permitam qualquer tomada de decisão. A responsabilidade é do líder do executivo que não teve a capacidade de resolver de forma célere e eficiente, (mesmo que provisoriamente) a situação criada. Mas não, com a arrogância que é a imagem de marca, a opção foi enfrentar tudo e todos, sem atender à razão principal, que era com a maior brevidade possível, repor as condições de utilização do Campo do Calvário.
Andam assim em bolandas os atletas do Sport Club de Vila Real e os pais que os acompanham há mais de um ano, quando se houvesse vontade e razoabilidade, teria sido tudo tão fácil.
Infelizmente, outros maus exemplos começam a aparecer e outros ainda, estão em fase de projeto, como é o caso do edifício que vai albergar a piscina coberta de Codessais num lugar inimaginável ou a construção prevista para a antiga Estação do caminho de ferro.
Quando hoje ali passamos, demolido que foi o edifício junto à passagem de nível, ficamos agradavelmente surpreendidos com a abertura daquele espaço. Infelizmente, nem imaginamos a edificação que para ali está prevista.
Tenho constatado que quando se fala em reabilitar aquele espaço para um hotel, as pessoas o associam à instalação de um “hotel de charme”. Infelizmente, o que está previsto é um edifício com 130 m de comprimento, com a altura do edifício da Estação, que o envolve e “abocanha”, implantado sobre a atual linha e que vai constituir uma autêntica parede para quem sai da ponte metálica.
Estas não são preocupações fora de tempo. Fora de tempo será a constatação destes projetos postos em prática, porque aí poderá ser tarde demais.