Sábado, 25 de Janeiro de 2025
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Sínodo é um processo sem retorno apesar do “obstáculo do clericalismo”

O padre Márcio Martins, coordenador dos trabalhos para o Sínodo dos Bispos na diocese de Vila Real, disse à Agência Ecclesia que o pontificado do Papa Francisco está a contrariar o “clericalismo”.

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“O Papa Francisco, com a introdução do novo Ministério do Catequista, abrindo os ministérios também às mulheres, está a abrir também uma nova porta para que haja uma não clericalização. Há que trabalhar isso nas comunidades”, explica.

O responsável adianta que a “maior dificuldade” sentida no processo sinodal desenvolvido na diocese de Vila Real, foi “junto do clero”.

“Acho que ainda não é verdadeiramente assumido pelo clero o caminho sinodal e, notamos que o trabalho não foi devidamente feito e o processo, se calhar, ainda não está devidamente assimilado, em algumas paróquias e arciprestados”, acrescenta.

O Papa Francisco lançou em 2021 um processo sinodal procurando ouvir todos os crentes sobre o caminho para tornar a Igreja católica mais «comunhão, participação e missão».
O padre Márcio indica a importância do processo, revela que os participantes se sentiram escutados “em liberdade”, podendo dizer “o que pensavam” e partilhar a forma como “olham a Igreja”.

O responsável dá conta do incentivo dado às comunidades para a criação de estruturas que escuta, quer paroquiais como arciprestais, e que esses locais persistiram na sua dinamização tendo “alavancado a segunda fase do processo” o que, explica o sacerdote, fez aumentar o número de participações.

“Não devemos estar tão preocupados com o que vai sair. É um processo que se começou, mas é um processo que é sempre da renovação, da regeneração e, acima de tudo, de uma Igreja ser para todos. E, mais do que notarmos essa experiência de Igreja, é notarmos que os leigos estão a viver verdadeiramente o espírito do Concílio Vaticano II, serem também verdadeiramente protagonistas da Igreja e da pastoral”, sublinha.

A pastoral penitenciária foi uma realidade que o processo sinodal procurou envolver, tendo recolhido no Estabelecimento Prisional de Chaves a reflexão de “reclusos” que em situação de fragilidade “valorizam muito a presença da Igreja”.

“Eles pediram maior periodicidade na escuta e valorizaram o apoio da Igreja”, indica.
O padre Márcio fala em desafios identificados junto da população imigrante que chega à região com problemas de habitação, emprego, escolaridade para os filhos, “com uma religião diversa, mas pede acolhimento da Igreja”.

“A questão da habitação é uma questão relevante para que várias famílias não estejam a viverem num prédio ou num apartamento sem grandes condições; a alimentação; a inclusão dos filhos nas escolas. São variadíssimas questões que tocam todos os elementos das famílias e das realidades pastorais que desafia as comunidades para uma verdadeira consciência de acolhimento também a essas pessoas. Os cristãos têm essa preocupação”, traduz.

O responsável foca ainda a importância de dar “protagonismo aos jovens” para que apresentem “caminhos novos”.

Sobre o impacto do processo sinodal na organização e nas propostas pastorais da diocese de Vila Real, o padre Márcio afirma que “os passos mais difíceis já foram dados”, e que importa agora “continuar a renovar e a regenerar os passos e o caminho” feito, levando a Igreja a dialogar com todos e com quem está nas fronteiras.

“A ideia de querer chegar a todos, que depois foi muito reforçada nas mensagens do Papa Francisco, em especial na Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, é isso mesmo: sabermos ser uma Igreja em saída, que o Papa já tinha pedido desde 2013 – sermos uma Igreja que vai às periferias, saber ri ao encontro dos que estão fora”, finaliza.

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