Atualmente, o preço para a garrafa de 13 quilos de gás butano é de 35 euros em média, variando ligeiramente consoante a marca.
Após aumentos nos últimos anos na eletricidade, de 3,3% por ano em média nos últimos cinco anos, o preço final está a crescer 2,1% em 2025 no mercado regulado, o que pode ser atenuado com a descida do IVA.
Com qualquer uma destas fontes de energia, este é um custo que pesa no orçamento, em especial no inverno.
Apesar de se poder pensar que a velhinha “bilha” está em desuso, a verdade é que se estima que no país cerca de 5 milhões de pessoas ainda dependam do gás engarrafado para cozinhar, aquecer águas e também para aquecimento.
Miguel Amorim é comerciante de gás engarrafado em Chaves e ouve com frequência os clientes queixarem-se do preço quando vão trocar a botija que chegou ao fim. “Queixam-se bastante, muitos dizem que vão a Espanha, porque o preço é metade do que custa aqui.
Vão procurar o mais barato”, diz mesmo. Ultimamente admite que nota poupanças por parte dos clientes, que tentam reduzir o consumo ao mínimo. “Vê-se menos consumo que o habitual, ultimamente”, afirma, lamentando a perda de alguns clientes.
Os que usam ainda o gás para aquecimento em casa confessam-lhe que diminuem o consumo, reduzindo o tempo, para que a despesa não seja tão avultada. “Alguns dizem que só ligam o aquecedor mais tarde, em vez de usar tantas horas, porque senão o gás vai num instante. Se o preço estivesse mais em conta, então já se aqueciam normalmente”.
Em altura de eleições afirma que está atento às propostas para o setor, nomeadamente a quem fala na descida do IVA. O comerciante diz não compreender este aumento e disparidade de preços. “Se estamos na União Europeia e ali ao lado estão a praticar uns preços e nós outros, porque será? Tem a ver com o imposto que o nosso país põe a este produto. É um bem de primeira necessidade e não se justifica ter esse imposto de 23%”.
Na loja tem alguns clientes que recorrem ao programa botija solidária, que apoia a aquisição do gás, mas diz que são muito poucos. “Em 100 aparecem talvez dois”, porque “poucas pessoas têm os requisitos” para aderir, já que apenas os beneficiários da tarifa social de eletricidade ou de prestações sociais mínimas são abrangidos.
No caso de Rui Cabanelas, usa energia elétrica no aquecimento e gás de botija no fogão e esquentador. Tenta poupar e “usar só mesmo quando é necessário, e não desperdiçar”. A cozinhar “tento organizar as refeições quentes”, para não cozinhar tantas vezes. Também apostou em substituição de janelas para uma maior eficiência energética. Mas “há coisas em que não se pode poupar, temos de tomar banho e cozinhar”, diz.
Mudar de sistema de energia em casa não é opção no seu caso, porque é demasiado caro ligar à rede de gás natural que não chegou à zona onde mora. “Se houvesse o sistema talvez usasse, porque é mais fácil” e mais barato. Assim, mantém a botija, que sendo cara diz que tem “de se sujeitar”.
Este consumidor defende que, no interior norte e centro do país, devia ser atribuída “uma compensação, pelo menos nos meses de inverno”, como acontece noutros países.
Para muitos também não há a possibilidade de mudar de sistema. Numa outra loja, a alternativa mais económica a nível de consumo são as bombas de calor, mas “as pessoas não compram muito agora, porque são caras”, admite a vendedora. Ainda que o investimento possa compensar no longo prazo, a verdade é que o custo inicial afasta os consumidores.
Razões
O preço do gás tem vindo a aumentar, em especial nos últimos três anos, devido à crise energética e à guerra na Ucrânia. Além de inflacionar tanto os gastos com gás canalizado como com o engarrafado, também afeta o preço da eletricidade. Apesar de a energia elétrica ter origem numa percentagem cada vez maior de fontes renováveis, o gás tem ainda um peso substancial neste processo.
Os impostos são apontados como um dos problemas para o preço elevado do gás engarrafado. Em Portugal, as botijas são sujeitas a IVA de 23%, além de ISP e Taxa de Carbono e os comercializadores pedem há muito uma redução, sendo um serviço indispensável em milhares de lares.
Mas, não é o único fator a distanciar os custos em território nacional com os de outros países como a vizinha Espanha, em que uma botija pode custar metade do preço (menos de 18 euros).
Segundo a Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (ANAREC), do outro lado da fronteira, o gás engarrafado “é financiado pelo Governo espanhol, com os preços fixados abaixo do custo, com reflexo direto no preço final para o consumidor”.
A mesma entidade esclarece ainda que a revenda no nosso país tem caraterísticas diferentes, como a distribuição mais próxima, que pode ser personalizada, com entrega em casa das pessoas ou com pontos nas aldeias, por exemplo, “o que não acontece no país vizinho.




