“Andamos durante uns anos a tentar que a direção cessante autorizasse que grande parte da população se fizesse sócia e se regularizasse a situação, o que não foi possível até que em janeiro de 2013 foi-me entregue a chave da sede, sem qualquer papel, sem contabilidade, sem nada, apenas e só a chave”, recordou José Manuel Lopes, atual presidente da direção da Associação de Balteiro que, depois de um período de gestão garantida por uma comissão administrativa, viu finalmente a sua situação estabilizar em agosto do ano passado, com a realização do processo eleitoral.
Contando atualmente com cerca de 70 sócios, “que pagam as suas cotas”, a coletividade ribeirapenense está agora “virada para o povo” e “aberta a toda a gente, seja da terra ou não”. “Porque é assim que vemos o associativismo”, frisou o dirigente associativo.
Mantendo algumas atividades que já se concretizavam, como a comemoração do Carnaval (em conjunto com a Associação de Santa marinha), as festas da aldeia (realizadas em agosto, em parceria com uma comissão de festas), o convívio de São Martinho e o Festival de Folclore (que já para a sua 19ª edição), entre outras, a nova direção apostou em novas iniciativas. “No ano passado começamos com a organização de uma montaria ao javali, na qual tivemos à volta de 90 armas, e cerca de 140 pessoas a almoçar, e fizemos um jantar de fim de ano com todos os associados, que é para manter”, explicou José Manuel Lopes.
Uma outra organização que estava há muito esquecida e que a associação de Balteiro quer agora reativar é a realização das corridas de carrinhos de rolamentos, uma iniciativa para a qual espera contar com o apoio da Fundação Inatel, instituição na qual a coletividade vai voltar a inscrever-se.
Tal como acontece com a maior parte das coletividades, o dinamismo daquela associação é garantido graças a uma ginástica financeira apertada das suas “curtas” receitas. Só assim é possível, segundo o presidente, manter ainda ativos um Rancho Folclórico Juvenil, um grupo de bombos e um grupo de cantos populares, para os quais conta com o apoio da Câmara Municipal de Ribeira de Pena e com os rendimentos de um pequeno bar na sede, que dá para pagar algumas das despesas.
Rancho nunca deixou de dançar
Apesar de durante vários anos a coletividade ter estado um pouco adormecida, o Rancho Folclórico Juvenil de Balteiro nunca perdeu a vitalidade, fazendo dezenas de atuações por ano.
Ana Martins, que está no rancho desde a sua fundação e atualmente é responsável pela coordenação do grupo, contabilizou que só este ano, entre de junho a agosto, o grupo teve “27 saídas”.
Contando com cerca de 40 elementos, o mais jovem com cinco anos e os mais velhos com cerca de 30, o rancho juvenil tem mais de duas décadas de existência e, como acontece em outras coletividades, é movido pela “paixão” dos seus integrantes. “Tem que se gostar, senão não se consegue”, explicou a responsável lamentando que atualmente “não há muitos jovens que queiram participar neste tipo de atividades” porque têm outros interesses ou até alguns complexos em vestir os trajes tradicionais.
Não é o caso de Ana Martins, que entrou no rancho aquando da sua fundação, juntamente com o seu filho mais velho, na altura com cinco anos, e que também viu o mais novo crescer “nos palcos” das atuações. “O meu filho mais novo, que tem agora 18 anos, nasceu dia 20 de julho e em junho ainda tive uma atuação no Porto. Andou sempre comigo nas atuações, nasceu praticamente no rancho”, recordou a coordenadora que até tem como toque do telemóvel a música tradicional do rancho.
Com o apoio da autarquia, que garante o transporte, o grupo conta hoje com jovens de todo o concelho que, todas as sextas-feiras, se juntam para os ensaios. “Sem isso não tínhamos possibilidade de manter o rancho ativo, porque localmente não temos pessoas suficientes, gente nova para dançar ou instrumentistas”, explicou José Manuel Lopes.
O presidente garantiu que a Associação de Balteiro tem a porta aberta para “quem quiser entrar, seja da terra ou não”. “Quem está numa associação não pode ver a cor política, deve defender, acima de tudo, o que é a associação, sendo as suas preferências pessoais em termos políticos, religiosos ou futebolísticos secundárias”, frisou.