Aconteceu comigo, há poucos dias, ficar a olhar a nossa bandeira e pensar o que significa tudo o que lá está representado. Partilho com o leitor o significado do Escudo de Portugal.
O Escudo de Portugal, é a representação visual da história, da identidade nacional e dos nossos valores intrínsecos. Este, é uma das mais antigas formas de identificação nacional do país, remonta aos primórdios da nação portuguesa, não é apenas um símbolo, mas um emblema vivo da alma de uma nação resiliente e perseverante. É um lembrete orgulhoso da jornada épica, uma inspiração para as gerações futuras e uma manifestação tangível dos valores fundamentais que unem o povo português.
Dia 10 de junho, celebra-se então o Dia de Portugal, de Camões e das comunidades portuguesas. Este é um dia assinalado desde 1910, após a Proclamação da República, mas aquilo que é comemorado neste dia tem vindo a mudar ao longo dos anos, refletindo a forma como Portugal tem vindo a ser pensado enquanto nação e os diferentes atores sociais que se têm destacado.
O que significa, então, a celebração deste feriado, hoje? Certamente, a resposta a esta pergunta variará de acordo com quem a responda. Para uns, é possível que não passe de mais um feriado, uma oportunidade para descansar. Haverá ainda quem se foque na riqueza desta língua inaugurada por Camões. Porém, por termos passado, recentemente, por um período atípico marcado por uma pandemia, por estarmos a passar por vários conflitos mundiais, que tendem a mudar a geopolítica de uma maneira acelerada, este é um tempo que nos convida a uma reflexão especial neste dia em que se assinala o nosso país.
Por outro lado, a presença das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo lembra-nos que Portugal é, desde há séculos, mais do que o seu território continental. Num tempo em que muitos jovens continuam a emigrar em busca de melhores condições, talvez a celebração devesse incluir uma reflexão mais honesta sobre o que os leva a sair, e o que estamos a fazer, ou a falhar, para que regressem.
Valorizar os portugueses no estrangeiro implica também criar condições para que queiram, e possam voltar.
Olhando para o futuro, devemos construir vínculos baseados no respeito mútuo, em vez de relações de dependência e controlo, devemos ter a coragem necessária para romper com padrões antigos. E coragem é o que temos tido, sempre.
O 10 de Junho não deve ser um exercício nostálgico, nem uma encenação meramente institucional. Deve ser, acima de tudo, um momento de reflexão crítica sobre o que significa, hoje, ser português. Celebrar o país é reconhecer as suas conquistas, sim, mas também enfrentar com coragem os seus desafios. Não por patriotismo cego, mas por compromisso cívico.
Portugal é feito de história, mas também de escolhas. E o futuro do país constrói-se com mais participação, mais justiça e mais escuta. Camões escreveu sobre heróis. Talvez esteja na hora de nos perguntarmos que heróis precisamos hoje, e que país queremos ser.
Viva Portugal!