É precisamente para esse futuro que se vê que presentemente a cultura é valorizada somente através da obra contemporânea. Ao analisar o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que o Governo apresentou à União Europeia (UE) fica-se com a impressão que, no que toca à Cultura (que foi incorporada a custo neste PRR) apenas se anunciam obras e a vontade de fazer obra, intitulando como investimento cultural. Até pode ser entendido como investimento, mas o objetivo principal é a promoção das empresas de construção civil e não a área cultural em si que foi afetada pela pandemia do Covid-19. Apresentam um rol de monumentos e museus que vão ser alvo de “valorização” através de obras quando o que se esperava seria ajudar os teatros, os museus, as entidades e pessoas que trabalham na cultura em Portugal a superar esta crise, ficando mesmo com a impressão que estes ficam de fora. Sim, vão dotar de novos meios informáticos e modernização dos espaços museológicos mas esquecem-se principalmente das pessoas que trabalham diretamente nesses espaços. Esta crise económica ajudou o Governo a ter noção dos vários problemas que existem dentro dos museus que estão na alçada do Ministério da Cultura mas em nada ajudou em querer resolver ou melhorar a situação existente. Há falta de profissionais quer nas Direções Regionais de Cultura quer nos Museus, e por cada trabalhador que se aposenta não há substituição, perdendo assim conservadores, desenhadores, investigadores, conhecimento, etc. pondo em risco a continuidade da investigação e preservação dos bens culturais do nosso país. Descobriram que existem vários profissionais da área cultural a recibos verdes e a resposta foi reconhecer estas pessoas através da criação do Estatuto do Profissional da Cultura, não para combater os falsos recibos verdes mas sim para obter mais rendimentos para a Segurança Social, mantendo da mesma forma a precariedade laboral e a falta de meios humanos. Os museus, segundo o ICOMOS Portugal, são instituições sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, abertos ao público, que adquire, conserva, investiga, comunica e expõe o património material e imaterial da humanidade com fins de educação, estudo e deleite, e que laboram com pouco investimento humano e financeiro para fazer investigação, conservação, estudo e divulgação. Ficam, no entanto, com obras de fachada de uma cultura de obra, uma vez que o Governo foi impedido pela UE de fazer pontes, autoestradas, barragens e afins, e para dizer que se preocupam com a cultura surgem estas “obras culturais” nos museus e monumentos mais visitados e economicamente rentáveis, e que estão na sua maioria circunscritos na capital, ficando o resto do território pobre e de fora do PRR, este que vem ajudar a fincar ainda mais a assimetria económica e social do País.
A Cultura da Obra
Portugal detém de forte identidade cultural e é rico em vestígios arqueológicos e monumentos que no seu conjunto constituem a nossa herança cultural e que é nosso dever valorizar e zelar para as gerações futuras.
-PUB-
OUTROS ARTIGOS
Maio: Deco e Adene assinalam mês de energia
A crise energética está aí e os consumidores estão já a pagar a fatura de uma transição energética e verde ainda por fazer.
Palradores de café
Na mesa ao lado um palrador fala em estribilhos fanfarrónicos, a ânsia de expelir palavras domina todas as suas emoções.
Ex-seminário deve ser imóvel de interesse e concelho
Dia 21 deste mês vai decorrer o convívio dos antigos alunos do Seminário de Vila Real.
Emílio Biel, fotógrafo e empreendedor no Portugal de Oitocentos
Num fim de tarde solarengo, e após ter ido buscar o meu filho à creche, ouço logo o resumo dentro do carro do que aprendeu nesse dia. “Pai, conheces Emílio Biel? dispara ele”. Olha, por acaso não conheço, mas conheço uma rua com esse nome no Porto onde estudei, e que concerteza devem estar relacionados…
O batatal do nosso futebol
Chaves a lutar pela subida à Liga NOS, Montalegre garante a permanência na Liga 3, Pedras Salgadas fica no Campeonato de Portugal, e Vilar de Perdizes sobe da distrital neste quadro esotérico. Descem ao distrital o Santa Marta e o Bila. Algo se passa no Barroso que os vizinhos do sul já desaprenderam…
“Um dia” estará totalmente aberta
O debate na especialidade do Orçamento de Estado permite sempre acompanhar alguns dossiês de grande atualidade e de manifesto interesse para as regiões
O Centro da Fé Cristã é Cristo
Por todas as paróquias de Portugal, estendeu-se a devoção a Nossa Senhora de Fátima. Pelo mês de maio, mês de Maria, e pelas celebrações durante todo o mês, tornou-se a maior devoção dos católicos portugueses.
O PCP e a Democracia
Indigna-se o País, e com razão, pelas posições que o PCP tem tomado perante esta guerra desencadeada pela Rússia com a invasão da Ucrânia.
O Peregrino de Santiago
Fazer o Caminho de Santiago foi sempre um dos meus sonhos. Finalmente, consegui concretizá-lo. Depois de uma cuidada preparação, quer física quer mental, fiz-me ao caminho. Escolhi o trajeto entre Sarriá e Santiago, parte integrante do caminho francês, numa extensão de 114,5 km.
Subscreva a newsletter
Para estar atualizado(a) com as notícias mais relevantes da região.