A nomeação foi feita em junho pelo Presidente da República de Angola, João Lourenço, um cargo de confiança que recebeu com “muito orgulho”, como confidenciou no programa semanal da VTM “Contrasenso”.
“Fiquei muito honrado por este reconhecimento público”, admite, adiantando que Angola é um país em grande crescimento, com muito para dar. “Fala-se muito de Angola, mas esquecessem que Portugal tem 800 anos de existência, enquanto Angola esteve 45 anos em guerra. Foram muitas as gerações que só aprenderam a trabalhar com as armas, não havia escola, a esferográfica para muitas pessoas era uma arma. Hoje, tudo está invertido e Angola está a ter um desenvolvimento muito grande, onde não faltam oportunidades”.
Numa terra “fértil” em oportunidades, António Cunha explica que irá ser criado um Consulado Honorário, que terá sede na capital transmontana. “Será o primeiro em Vila Real”, em que se pretende tornar por mais perto Portugal de Angola e vice-versa. Há dois objetivos principais. Um é que todos os angolanos que estão em Portugal possam estar mais perto do seu país com a criação deste consulado.
“A minha função, como cônsul honorário, é ensinar o caminho aos empresários”
Outro objetivo passa por criar uma via para que os empresários portugueses possam chegar de uma forma mais fácil a Angola”, referiu, acrescentando que, “infelizmente, há muitos anos, quando cheguei a Angola, os empresários tinham de percorrer muitos caminhos que não conheciam e, por vezes, com parceiros que também não conheciam, o que resultava em maus investimentos. Hoje não é necessário ter um parceiro angolano, basta ter um passaporte português para constituir uma empresa naquele país africano”. Durante muitos anos, António Cunha levou muita gente para Angola, agora acredita que vai levar muito mais. “A minha função, como cônsul honorário, é ensinar o caminho aos empresários”, lembrando que “não é preciso ter muito dinheiro, porque facilmente se poderá abrir um micronegócio num país de grandes oportunidades”. Para agilizar o processo, depois de reunir com cônsul do Porto e de apresentar os cumprimentos ao embaixador de Angola em Lisboa, António Cunha irá contactar os presidentes das Câmaras de Vila Real, Viseu, Guarda e Bragança para se apresentar e revelar a intenção de abrir um posto consular nessas regiões.
O comentador residente do “Contrasenso”, Paulo Reis Mourão, professor da Universidade do Minho, aproveitou para questionar que tipo de apoios pode existir aos alunos angolanos que estudam em Portugal.
Segundo António Cunha, existem “cerca de cinco mil angolanos” a residir nestes quatro distritos, pelo que o objetivo é aproximar Angola dos angolanos. “O que importa aqui é identificar os problemas para se encontrar as soluções. Pretendemos puxar essas pessoas que, por vezes, se sentem abandonadas. Em Vila Real iremos ter a porta aberta, em que vamos identificar e referenciar muitas situações, depois virão os apoios às associações, que possam ser criadas, por exemplo”.
CRISE
Antes da crise, Angola já estava em dificuldades. Mas houve uma altura em que estava a criar a sua classe média. No entanto, tal como em Portugal e na Europa, a “classe média está a desaparecer. Toda a gente ganha o salário mínimo e os que se seguem pouco mais ganham. A classe média foi a que mais sofreu, porque quem é pobre já o era antes”. Apesar das dificuldades, mas há uma política deste Governo “muito interessante, que está a pagar as dívidas externas, sobretudo à China, com o ‘boom’ do petróleo, em que o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) está a ser cumprido, o que trará confiança aos investidores, para criar emprego”.
Acrescentou ainda que Angola tem muitos recursos e capacidade de se autonomizar. “Acredito que se o petróleo não baixar abaixo dos 80 a 70 dólares o barril, Angola irá crescer muito nos próximos anos, porque encontrou o seu caminho, num povo que é resiliente, humilde e alegre”.
Abordou-se ainda o tema das eleições gerais, as mais concorridas de sempre, com sete partidos e uma coligação, sendo que, pela primeira vez, há uma mulher a concorrer, um facto visto por António Cunha como “positivo”, num país que “cumpre a lei da paridade”.
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