“Apagão” motivou uma corrida à compra de bens essenciais

Eram 11h33 quando se registou um apagão total em Portugal, Espanha e também algumas localidades no sul de França

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©MF/OTC
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O que ao início parecia ser uma simples falha de energia, transformou a segunda-feira num dia fora do normal e alterou todas as rotinas.

Em Vila Real, a falta de energia deixou a sinalização luminosa sem funcionar, o que levou a alguns constrangimentos no trânsito da cidade, nomeadamente na ponte metálica, que encerrou mais tarde da Estação para o Sinaleiro.

Na Unidade Local de Saúde de Vila Real foi acionado o plano de contingência, que permitiu assegurar a atividade urgente e prioritária, tendo havido alguns constrangimentos na atividade programada. A maior preocupação foi com a conservação das vacinas. No entanto, após a reposição da energia elétrica, fonte hospitalar garantiu que “tudo voltou a funcionar normalmente, sem qualquer constrangimento”.

Pela cidade, a corrida aos supermercados foi visível, com filas nos hipermercados Continente e Auchan, que conseguiram manter-se abertos, ao contrário de outros (Minipreço, Pingo Doce), que tiveram de encerrar portas, por falta de energia e impossibilidade de registarem as compras.

A VTM esteve em algumas destas superfícies comerciais e verificou que as pessoas procuravam essencialmente bens de primeira necessidade, como água, salchichas e conservas. Apesar de dentro dos espaços haver pouca luz, os pagamentos com cartão funcionaram, mas as filas eram enormes para pagar, devido à afluência anormal para uma segunda-feira.

A maioria dos postos de combustível também teve de encerrar o abastecimento por falta de energia. Por toda a cidade, à entrada dos postos, foram colocados “mecos” que não permitiam às pessoas abastecer os carros.

Já as escolas funcionaram com normalidade, uma vez que à hora que se deu o apagão, as refeições já estavam “prontas” a servir a comunidade escolar. Apenas escolas do pré-escolar e 1º ciclo encerraram mais cedo. Os diretores estavam preocupados com o dia seguinte, mas com o regresso da energia as escolas funcionaram com normalidade.

Em restaurantes e cafés a maior dificuldade foi confecionar refeições para o jantar e servir café. Alguns tiveram mesmo de encerrar, no entanto, na terça-feira, já conseguiram trabalhar sem limitações.

A VTM contactou a GNR, que reportou que as pessoas ligaram para o posto com maior frequência para pedir diversas informações, mas “não houve situações de preocupantes, até porque foi reforçado o patrulhamento”.

A PSP referiu que “não houve registo de qualquer ocorrência relevante, nem distúrbios de ordem pública”.

O comandante dos bombeiros da Cruz Branca disse que apenas tiveram de “abrir dois elevadores, com pessoas que ficaram retidas, mas correu tudo bem”.

Ricardo Costa, da Cruz Verde, sublinhou que prestaram ajuda a alguns doentes que precisaram de carregar baterias. “A maior dificuldade foi com as comunicações para o quartel, mas por volta das 23h00, regressou a energia e a normalidade”.

Chaves e Valpaços

No Alto Tâmega não se registaram acidentes, nem ocorrências de maior gravidade, mas a falha na corrente provocou um incêndio na fábrica de bagaço de azeitona na Quinta de Leirós, Valpaços. Por volta do meio-dia, uma máquina, fulcral para o funcionamento e para evitar o sobreaquecimento no secador, fornos e condutas, deixou de funcionar, originando um incêndio, confirmou à VTM o comandante dos Bombeiros Voluntários de Valpaços, Luís Nogueira. As chamas restringiram-se a estes espaços e toda a matéria no interior ardeu. O incêndio não chegou ao exterior, mas obrigou 20 bombeiros de Valpaços e Mirandela a trabalhos para o extinguir que se prolongaram por cerca de três horas.

Já na sede de concelho formaram-se longas filas em direção ao único posto de abastecimento a funcionar e supermercado aberto, graças a um gerador, cenário que se prolongou por toda a tarde.

Em Chaves, a afluência era grande nos supermercados que se mantinham de porta aberta, apenas dois a partir do meio da tarde. A procura por pilhas, água e enlatados disparou, inclusive nas pequenas lojas de comércio tradicional. Numa pequena e antiga loja, com objetos para a casa, a água esgotou rapidamente, e muitos procuravam lanternas e pilhas, que também não chegaram para as encomendas.

A maioria dos postos de combustível estavam encerrados na cidade, deixando poucas alternativas aos muitos que se tentavam precaver, sem saber quando haveria a reposição da energia elétrica.

Segundo o comandante sub-regional do Alto Tâmega e Barroso, as unidades de saúde estiveram a funcionar com apoio de geradores, mas apenas com os casos mais importantes, sendo as consultas adiadas. Artur Mota disse que a conservação das vacinas foi o motivo de maior preocupação e nas unidades em que não havia gerador estas foram transportadas para aquelas onde havia energia. Houve uma grande dificuldade com as comunicações, tendo inclusivamente o SIRESP ficado sem funcionar devido à sobrecarga.
Foi organizada uma rede para dar apoio a doentes com oxigénio, mas acabou por não ser utilizada, porque a luz regressou durante a noite, no caso de Chaves entre as 21h30 e a meia-noite, dependendo do local da cidade.

Sobre o que terá originado este apagão, a única certeza é que resultou de um desequilíbrio na rede elétrica, embora a causa para esse desequilíbrio ainda não esteja apurada.

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