As oradoras – assistentes sociais que desenvolvem a sua atividade profissional em países como o Reino Unido, Austrália, EUA, Espanha e Portugal – partilharam as suas experiências e os desafios com que se confrontam na intervenção na área do envelhecimento nesses países. Os principais temas abordados foram: cuidadores informais e políticas de cuidados; violência de género; processos de tomada de decisão na velhice e cuidados institucionais a pessoas idosas, entre outros.
Apesar das especificidades do contexto social, económico e político destes países, foi possível identificar um conjunto de desafios sociais comuns que os assistentes sociais enfrentam nesta área, designadamente:
– A relativa invisibilidade social e homogeneização sistémica deste grupo etário (sobretudo do género feminino devido à acumulação de situações de vulnerabilidade), assente em lógicas idadistas (isto é, estereotipadas e preconceituosas em relação às pessoas idosas, com base apenas no critério idade). Tal impacta diretamente nos serviços e respostas sociais e de saúde na área do envelhecimento e nas diferentes formas e expressões de violência contra as pessoas idosas, desde atitudes paternalistas e infantilizadoras a outros tipos de violência (doméstica, institucional, estrutural, simbólica, etc.).
– Uma visão reducionista e um desconhecimento sobre o que é o envelhecimento, sobre a sua profunda heterogeneidade e sobre a necessidade da adaptação das ações, projetos e políticas à diversidade de formas de envelhecer nas diferentes geografias (físicas, sociais, económicas, culturais, etc.) e de ouvir as pessoas idosas na tomada de decisões que dizem respeito às suas vidas.
– A necessidade de formação especializada em Gerontologia por parte todos os agentes que trabalham nesta área – auxiliares, equipas técnicas, direções, etc. na assunção de só com conhecimento podemos oferecer cuidados mais dignos e de qualidade.
– A urgência de políticas públicas que atuem na prevenção e na promoção de um envelhecimento com saúde e com qualidade de vida – que previnam e atendam a declínios (cognitivos e de funcionalidade) a situações de pobreza e violência, entre outros fatores que ameaçam a dignidade do processo de envelhecimento. Reforçou-se também a importância do robustecimento das medidas de política social de apoio aos cuidadores informais.
Todos estes desafios (e muitos outros aludidos durante esta riquíssima tarde de reflexão e partilhas) que estão hoje na agenda de assistentes sociais de todo o mundo, atestam a urgência de colocar o envelhecimento também na agenda política pública, em ordem a um enfrentamento dos desafios sociodemográficos em presença.
Os assistentes sociais continuarão empenhados neste desígnio, enquanto profissionais que atuam na dignificação do e no processo de envelhecimento, comprometidos com a promoção e defesa dos Direitos Humanos.