No momento em que se assinala esta data, em Luanda, onde se reuniram, este ano, os chefes de estado dos nove países que a integram, o que está em discussão é se esta organização se mantém com o seu ADN inicial, dando apenas enfoque ao seu papel cultural, ou se dá um passo em frente, constituindo-se como uma plataforma de negócios.
Tite António, Ministro dos Negócios Estrangeiros de Angola, anfitrião da cimeira deste ano, gostaria de ver um quarto pilar: o pilar económico e empresarial. Porque, por estranho que pareça na tabela do balanço comercial entre os nove países da CPLP, há nove zeros: zero trocas de exportações. Ora isto não faz sentido nenhum num mundo cada vez mais competitivo.
Quem conhece, como nós próprio, a quase totalidade destes países membros, percebe que se está a desperdiçar uma oportunidade única, de fazer crescer a economia destes nove países de expressão portuguesa. Porque as potencialidades existentes, quer ao nível dos produtos primários da agricultura, quer de tantas outras em que estes territórios são imensamente ricos, aconselharia a que se pudessem ajudar uns aos outros, para, em comum, enfrentar os desafios da concorrência, que chega a ser feroz, como se sabe.
Dar este passo, no sentido de se privilegiar o pilar da economia, irá permitir, que as respetivas comunidades locais – os povos de cada um dos países, alcancem melhores níveis de vida, – conhecidas como são ainda as debilidades em alguns destes países, particularmente os africanos, com maior evidência até no que respeita a Timor.
De resto, o melhor exemplo vem dos países da COMMONWEALTH, que desde o princípio acentuaram este pilar económico, tendo criado um verdadeiro mercado comum entre eles.
O Ministro Santos Silva, por parte de Portugal, chama a atenção para o acordo de mobilidade, que foi aprovado nesta cimeira de Luanda, mas insiste que se caminhe no reforço do pilar económico, como forma de ajudar os países mais frágeis do ponto de vista do desenvolvimento económico.
Pode entender-se que se tenha demorado demasiado a dar este passo. Porém, é certo que Portugal foi o último a descolonizar. E este processo da descolonização deixou muitas feridas, que tem custado a curar e deixou estruturas sociais e políticas muito frágeis, que só agora começam a dar sinais de auto-sustentatção.
O nosso apelo é o de que não se perca mais tempo. Porque, neste mundo competitivo em que vivemos, tempo é dinheiro.