Uma primeira iniciativa tivera lugar em Carrazeda de Ansiães numa interessante ligação à cultura etnográfica. Que o Douro se afirme pelo vinho – primeira região demarcada e regulamentada do mundo -, pela cultura – Património da Humanidade, no seu 22º ano -, pelo turismo – destino que é e que se tem vindo a afirmar pelo enoturismo, pela gastronomia e pela paisagem que o homem do Douro foi construindo ao longo de séculos, numa obra de arte arquitetónica, é uma excelente opção. A merecer o nosso aplauso.
Há quem não esqueça nestes momentos de celebração os índices de desenvolvimento que fazem desta NUT III uma das que têm pior performance na União Europeia. Aliás, uma das três que, no Norte, estão em divergência com a média da região no que respeita a taxas de crescimento económico no pós-pandemia. Apesar de ser a região portuguesa com mais peso nas exportações de vinho, com destaque para o vinho do Porto e com os vinhos DOC Douro a ver aumentada a sua procura. Houve Gala de Abertura, com nomes sonantes da música. Um deles, ouvi de um dos privilegiados que mereceu convite, a referir-se com grandes económicos aos produtores de vinho. Não sei se teve presente os que cavam, tesouram, despampam e vindimam, ou só os proprietários das quintas. Será, mesmo assim, digno de registo. E projetou-se uma Capital Europeia do Vinho a pensar “promover o Vinho e respetivos produtores nos países associados da RECEVIN – Rede Europeia das Cidades do Vinho, assim como no território europeu e internacional”. É importante, mesmo imprescindível, que assim seja. Um dos erros da região é pensar excessivamente ao nível de quinta, a olhar ao seu redor, quando hoje se impõe que “deste Marão se veja o Mundo”, com olhos de escritor que se projeta longe.
A Gala deu azo a lembrar personalidades que se evidenciaram em momentos específicos com ações em prole do Douro. Como não podia deixar de ser, distinguiram-se uns e esqueceram-se outros. Mas quando se envereda por não deixar no esquecimento figuras públicas que desempenharam as mais altas funções no país é necessário refletir mais um pouco em quem contemplar. Para receber galardão, assim como para testemunhar a sua entrega. Para que não se dê azo a melindres. Ou a injustiças. Ver o Mundo, no todo; ver todos, neste nosso pequeno mundo, será sempre o melhor caminho.