Mário Rodrigues, 45 anos, afirmou à agência Lusa que a ideia de “valorizar” este produto típico de Vila Real “surgiu há alguns anos” e que recentemente concretizou o objetivo de abrir a fábrica para “levar o covilhete a todo o mundo”.
O pastel salgado tem uma história de mais de 200 anos e a Confraria do Covilhete de Vila Real está a trabalhar na certificação IGP (Indicação Geográfica Protegida) deste produto. A fábrica da “Soul & Flavors” (Alma e Sabores) está instalada em Lordelo, concelho de Vila Real, e a empresa tem também aberta, desde 2018, a Loja do Covilhete para venda dos produtos e refeições no centro da cidade.
No total, segundo Mário Rodrigues, foram criados 22 postos de trabalho e o investimento é totalmente privado, tendo ultrapassado o meio milhão de euros.
O empresário explicou que foi reaproveitado um espaço comercial já existente e especificou que o processo foi difícil, sendo necessário cumprir uma “série de regras” e “validações” por parte de diversas entidades para a comercialização de produtos pré-congelados.
Atualmente a fábrica produz cerca de 8.000 covilhetes diários e o objetivo é “conseguir produzir e vender anualmente 1,5 milhões de covilhetes”.
Em Portugal, os produtos já estão em 150 postos de venda, a maioria na zona Norte, e já se encontram também na Bélgica.
“Estamos, de forma gradual, a dar estes passos com vista a colocar o covilhete em qualquer parte do mundo”, reforçou.
No portefólio da empresa há 50 referências de produtos pré-congelados, entre covilhetes e outras empadas (de alheira, carne de porco bísaro), rissóis, croquetes, chamuças e bolas de carne, de tamanho normal e miniaturas.
Mário Rodrigues disse que é preciso divulgar mais este produto típico que se distingue dos outros salgados “pela carne, massa e forma”.
“É feito com uma vitela da nossa região (maronesa), toda esta história, a massa, a própria tampa do pastel, que o tornam único face às outras empadas. Quem o come consegue perceber facilmente que é um produto diferente dos outros que existem no mercado”, sustentou.
Em 2015 foi criada a Confraria do Covilhete, onde estão representados 14 produtores entre um total de 100 confrades.
Hilário Oliveira, presidente da confraria, disse que o organismo está a trabalhar na certificação IGP para valorizar o produto e garantir a sua qualidade e a sua origem de Vila Real.
O responsável lembrou ainda que a confraria já registou a marca “Covilhete de Vila Real”.
“O covilhete é um produto que identifica a nossa história desde o período barroco, há 200 anos. É um pastel de carne que nessa época só era consumido pelas classes privilegiadas”, explicou Hilário Oliveira.
Mais tarde popularizou-se e passou a ser vendido pelas “covilheteiras” aos domingos à porta da Sé e, atualmente, é produzido diariamente nos em vários espaços comerciais da cidade.
O nome, segundo Hilário Oliveira, nasce da pequena e redonda peça de louça de barro negro de Bisalhães, que deu a forma ao covilhete.