A Infraestruturas de Portugal (IP) já está a estudar a viabilidade da linha de alta velocidade desde o litoral até Zamora, passando pelas capitais de distrito transmontanas. A indicação foi dada pelo Ministério das Infraestruturas, após a última Cimeira Ibérica, em outubro, na qual o compromisso foi assumido entre Portugal e Espanha.
A novidade foi avançada pelo Ministro da Coesão Territorial, que encerrou o segundo dia do V Congresso de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Peso da Régua.
Castro Almeida revelou que o seu colega, que tutela as Infraestruturas, “deu indicações para se iniciar o estudo da viabilidade do projeto”. “Espero que venha a demonstrar a viabilidade desta linha, acho que seria absolutamente transformador para este território”, e falou mesmo “numa revolução”.
O presidente da Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa, que organiza o congresso, disse-se “muito satisfeito”, por saber que o governo “está a defender a passagem da alta velocidade” pelo território. “Se isso acontecer, a região salta da falta de progresso para uma região de muito progresso”, destacou.
Um dos temas em destaque foi a regionalização, defendida pelos intervenientes. Segundo Hirondino Isaías, a constituição, que prevê a divisão do país por regiões administrativas, “continua por cumprir”, o que “faria toda a diferença, mantinha a nossa identidade, e eram as pessoas da região que decidiam o que queriam e não o Terreiro do Paço”. No entanto, o tema não foi considerado uma prioridade pelo Governo para esta legislatura.
O autarca de Peso da Régua compreende que haja outras matérias mais urgentes, neste momento, mas está convicto que, “mais tarde ou mais cedo, temos de caminhar para a regionalização”, e diz que na região “todos ambicionávamos que o processo fosse mais célere”.
INVESTIMENTO
Após um painel sobre desenvolvimento sustentável, o ministro destacou a necessidade de investimento em territórios como este. Para se alcançar a coesão que “é precisa”, “o país tem que crescer de forma mais harmoniosa, mais coesa. E, para isso, é fundamental que as zonas mais deprimidas tenham de crescer mais e mais depressa, mais intensamente, do que as mais desenvolvidas”. Considera que “os fundos fizeram muito, mas ainda não tiveram o suficiente” e destacou que estão destinados 40% dos incentivos de investimento às empresas para o interior, quando a média era menos de 30%, e quem investir nestas regiões tem bonificações que podem chegar aos 50%.
O governante salientou ainda que as três Comunidades Intermunicipais da região contratualizaram, no Portugal 2030, 357 milhões de euros. Apontou que o PDR 2020, para a agricultura, aprovou candidaturas de 475 milhões de euros nesta área, “o que equivale a 60% do total da região Norte, percentagem apreciável”. Revelou que no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) foram aprovados, para Trás-os-Montes e Alto Douro, 14.500 projetos.
O V Congresso de Trás-os-Montes e Alto Douro realizou-se entre sexta e domingo, com sessões em Mirandela, Peso da Régua e Lamego.[/block]