Há mesmo quem diga que se não houver um murro no estômago, muita gente, dos governos, das empresas, simples cidadãos, não prestará a devida atenção aos problemas da atualidade. Pelos vistos, a problemática das alterações climáticas é um desses temas. As solicitações são tantas, nos dias que correm, que não se pode acorrer a tudo, afirmam outros.
A afirmação de António Guterres, na sua qualidade de Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na abertura da COP27, parece ter sido uma dessas frases para despertar as consciências de muitos, nomeadamente, governantes que ziguezagueiam por ente decisões contraditórias, depois dos compromissos subscritos no Acordo de Paris, em 2015, de que se destaca, desde logo, «um objetivo a longo prazo – os governos acordaram em manter o aumento da temperatura média mundial bem abaixo dos 2°C em relação aos níveis pré-industriais e em envidar esforços para limitar o aumento a 1,5°C». Se as coisas estivessem a correr como o desejado em 2015, publicamente assumido como um compromisso, talvez não “estivéssemos neste momento numa autoestrada para o inferno climático com o pé no acelerador”. Claro que a Rússia, a China e a Índia estão mais afastados desses objetivos. Não se deslocaram a Sharm-el-Sheik. Continuam a acelerar. Pelo contrário, países como Portugal afirmam estar a criar condições para poder antecipar esse grande objetivo/compromisso de 2050 para 2045. Poder-se-á pensar que o Primeiro-Ministro português foi muito ambicioso, quando apresentou essa nova meta. Mas notícias recentes, como a do Expresso do passado dia 8, dão-lhe realismo: “Renováveis geram poupança de 2,6 mil milhões de euros na fatura de eletricidade do próximo ano”.
É por isso que provocam alguma perplexidade certos movimentos ditos da sociedade civil. Pessoalmente, gosto de ver os jovens preocuparem-se com as questões da atualidade, com os problemas que nos dizem respeito agora e no futuro. Significa que não estão assim tão distantes e alheados, como alguns pretendem fazer-nos crer. São exercitação da cidadania. Estranho é vermos os ataques, por vezes, desenfreados a um Ministro, não pelas políticas que está a implementar, mas por funções que exerceu em tempos, na sua vida profissional. Quem os acicata? E, mesmo que não lhes pareça, perdem a razão que lhes assiste.