“Há cerca de dois meses que temos vindo a ser confrontados com uma série de notícias, muitas delas preenchidas de uma forma que eu considero que corresponde a desinformação e manipulação de factos, muitas vezes, perfeitamente normais e banais”, afirmou Luís Montenegro, que falava aos jornalistas à chegada a Valpaços, para visitar a Feira do Folar enquanto presidente do PSD.
Montenegro concretizou estar a falar de dois órgãos de comunicação social em particular, designadamente o Expresso e o Correio da Manhã, que disse terem “um padrão de apresentação de notícias que, depois, têm tido como consequência que todos os demais órgãos de comunicação social, os agentes políticos e mediáticos, são induzidos em erro e reproduzem títulos de notícias que são absolutamente falsos”.
Hoje mesmo, o Correio da Manhã escreve que Luís Montenegro escondeu várias contas bancárias ao Tribunal Constitucional (TC) e que questionados, o TC e a Procuradoria-Geral da República (PGR), confirmaram que o Ministério Público (MP), junto do TC, pediu ao primeiro-ministro esclarecimentos adicionais sobre a declaração de rendimentos entregue no TC, uma resposta que foi dada a 07 de abril.
Este pedido de esclarecimento do MP surgiu, segundo explicou o primeiro-ministro, na sequência de uma outra notícia do Correio da Manhã que dizia que Montenegro teria usado várias conta para pagar a aquisição de um apartamento.
“Em todo o caso, o Ministério Público leu a notícia e perguntou-me e eu respondi e não há nenhuma anormalidade nisto”, frisou.
Ao pedido de esclarecimentos feito hoje pelos jornalistas, Luís Montenegro disse ter “três contas à ordem” e que “nenhuma delas apresentava um saldo superior a 50 salários mínimos nacionais”.
“E eu disse até ao Ministério Público qual era o saldo que elas apresentavam e eu não tenho nada a esconder”, referiu.
Salientou ainda que não escondeu qualquer conta e repetiu que é o único político português que apresentou publicamente o valor das suas declarações de rendimentos nos últimos 15 anos.
“Portanto, toda a gente sabe quanto é que eu ganhei nos últimos 15 anos, o dinheiro que eu ganhei das duas uma, ou foi gasto ou foi poupado. As contas de que estão a falar são as contas onde está esse dinheiro, o dinheiro que eu ganhei a trabalhar, não há um cêntimo nas minhas contas que não seja proveniente do trabalho, do meu e da minha família. Eu estou muito à vontade com isso”, frisou.
Quanto ao Expresso, o jornal publicou sexta-feira uma notícia em que dizia que um cliente da empresa Spinumviva estava no ‘top’ dos financiadores do PSD.
“É falso, é simplesmente falso. Não há nenhum cliente dessa empresa que seja financiador do PSD, aliás não há nenhuma empresa que financie o PSD. É proibido por lei às empresas financiar os partidos políticos e o PSD cumpre a lei (…) Isso é simplesmente falso, há cidadãos que individualmente fazem donativos aos partidos políticos, pequenos donativos, que, no caso do PSD, são sempre registados de forma transparente, de forma legal. É possível que alguns deles tenham relações familiares com dirigentes partidários e até com titulares de responsabilidades empresariais”, referiu.
E continuou: “mas fazer qualquer associação com o presidente do partido, que não tem nada a ver com isso, nem sequer intervém nesse assunto, com a empresa que criou e que é hoje dos seus filhos, é simplesmente manipulação”.
Relativamente a este assunto disse tratar-se de seis familiares de uma determinada pessoa que tem uma empresa que fizeram donativos e, por isso, pediu rigor aos jornalistas.
“A comunicação social também tem a responsabilidade de tornar o debate político limpo, transparente e de não o inquinar com adulteração das notícias que depois influencia a formação da vontade política do povo português”, referiu.
Questionou porque é que só o primeiro-ministro e só o PSD é que são alvo deste “tipo de apreciação, deste tipo de associação” e garantiu que as portuguesas e os portugueses “podem confiar no primeiro-ministro, podem confiar no PSD e na AD”.