Terça-feira, 15 de Outubro de 2024
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Não se assiste à Missa

Realizou-se entre os dias 8 e 15 de setembro o Congresso Eucarístico Internacional, na cidade do Quito, Equador. Mais uma vez se refletiu sobre o significado, a importância, a dinâmica e a celebração do grande sacramento da Eucaristia.

Porque o celebramos diariamente e semanalmente na vida da Igreja, não podemos deixar de refletir sempre na forma como o fazemos e que significado e aproveitamento tem na nossa vida. Partilho da opinião do Pe. Carlos Aquino, que participou na delegação portuguesa, de que falta “uma cultura eucarística” nas comunidades e que é preciso fazer um grande trabalho catequético e formativo neste campo.

Vale a pena lembrar alguns erros que daqui decorreram e que se entranharam na mentalidade e na cultura de muitas comunidades e de muitos cristãos: “Fui ouvir a missa”; “estive à missa”; “o padre diz a missa”, “vou à missa porque é pela minha família”. Todas estas expressões, que indicam distanciamento, não participação, não envolvência, pressupõem que a missa é sempre para o padre e do padre ou para outro qualquer que dela vai beneficiar, menos para os outros que ali estão, que se devem limitar a marcar presença. Nada de mais errado. Numa Missa somos todos participantes ou deveríamos sê-lo com plena consciência. Como diz o Pe. Carlos, “a maior parte das pessoas que participam hoje na Eucaristia, sinto isto a partir da minha própria realidade, são pessoas tocadas por algum mistério, mas muitas acorrem à Eucaristia unidas aos irmãos que já partiram, e, portanto, pelas intenções dos outros, para cumprir o preceito”. Não se vive a Eucaristia “como um encontro profundíssimo com Jesus Cristo, acreditando na presença real de Cristo”. E conclui: “Sinto muito que a comunidade está presente como assistente e não como participante, coenvolvida neste mistério de unidade e de comunhão, e a fazer memória deste grande mistério de amor de Deus, que nos deu um filho e que morre por nós para que tenhamos a vida.”

Depois é preciso lembrar aos cristãos que a missa não é apenas um rito para cumprir ao domingo. É preciso levar a Eucaristia para a vida e a vida à Eucaristia. A espiritualidade cristã tem de ser profundamente eucarística, ou seja, centrada e alimentada na Eucaristia. O Pe. António Cartageno, que também integrou a delegação portuguesa, diz: “A Eucaristia não é apenas um momento para picar o ponto durante a semana, porque assim tem de ser, isso é muito pouco, a Eucaristia tem que ser vivida para nos projetar para a vida”.

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