Quarta-feira, 4 de Dezembro de 2024
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Adérito Silveira
Adérito Silveira
Maestro do Coral da Cidade de Vila Real. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

Nascemos crucificados pelas nossas asneiras

Há dias morreu alguém infetado pelo vírus malvado. Os amigos choraram longe em silêncio. Só um filho pôde estar perto da mãe sem a ver, sem a tocar. As suas lágrimas são a água benta que rega as flores pertinazes da nossa esperança. Adoro a mansidão dos animais pastando em prados verdes, as estrelas cintilando […]

Há dias morreu alguém infetado pelo vírus malvado. Os amigos choraram longe em silêncio. Só um filho pôde estar perto da mãe sem a ver, sem a tocar. As suas lágrimas são a água benta que rega as flores pertinazes da nossa esperança.

Adoro a mansidão dos animais pastando em prados verdes, as estrelas cintilando no céu em noites de luar e a música como bálsamo de união e dulcificação das emoções coletivas.

Esta é uma trilogia perfeita na infinidade do universo plasmado de beleza e mistério.

Vislumbres que dão colorido aos olhares e vitaminam as vibrações do coração.

E no quebranto dos corpos ergue-se a voz poderosa da natureza, essa força que canta e fala baixinho e em murmúrio nos diz que agora devemos ter juízo, ficar em casa valorizando o património familiar que nos pertence e nos aconchega.

A natureza é bela e a humanidade porfiadamente tem de sonhar de novo, acreditar nos sonhos, cultivá-los, partilhá-los, multiplicá-los. Nestes tempos difíceis a solidariedade e o respeito por cada um de nós nunca foram tão importantes. 

Infelizmente há miseráveis de coeficiente intelectual de ratos tolos e doentes, pategos que por tudo e por nada andam espavoridos como cães assanhados, caminham impantes na rua expostos ao vírus que depois vão contagiar o seu semelhante. De facto nós nascemos crucificados pelas nossas asneiras e leviandades…

Cruéis criaturas que desta forma arrastam a peçonha da desgraça e dão alimento ruinoso às famílias e à sociedade.

Vocês aí desse lado como pessoas inteligentes e sensíveis devem ficar em casa para que os sonhos iluminados em montanha de luz fortaleçam e deem coragem a um futuro de esperança que irá de novo, estou certo, florescer…

Queremos quanto antes sair de casa, livres mas seguros, límpidos de fulgor para saborearmos o zaragatear dos pardais ou sentir a desordem harmoniosa da passarada que pinta os céus de cores e fantasias…

Está nas nossas mãos sermos de novo felizes. Para já colaborem: vão para vossas casas, beijem as vossas mulheres, acariciem os vossos filhos, abram as janelas e respirem fundo e sintam o poder dos sonhos entrar, bem dentro de cada um… Depois… depois só têm de ficar em casa. 

A maior expressão cultural de um povo é a sua organização coletiva em que todos remam para o mesmo porto de abrigo com o mesmo objetivo e a mesma bandeira de luta.

 Está nas nossas mãos sermos de novo felizes. Para já, colaborem: Fiquem em casa. Vão à janela, sejam criativos, olhem o céu, a lua que é tão bela, e sintam o universo que Deus nos deu.

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