Segunda-feira, 20 de Janeiro de 2025
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Eduardo Varandas
Eduardo Varandas
Arquiteto. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

O Arquivo Histórico Militar e o serviço prestado à comunidade

Ao terem sido solicitados os meus préstimos para executar o projeto do monumento de homenagem aos combatentes do concelho de Beja, que participaram nos conflitos militares em que Portugal esteve envolvido, ao longo do século XX, tive necessidade de consultar o sítio do Arquivo Histórico Militar, para poder compilar os nomes dos naturais daquele concelho alentejano que tombaram na Grande Guerra.

Nesse sentido, no decorrer da pesquisa realizada, fui surpreendido com a descoberta de alguns nomes de cidadãos naturais de Guiães que, quer em África (Angola de 1914 a 1915 e Moçambique de 1914 a 1918), quer na Europa, de 1917 a 1918, foram mobilizados para participar nesses teatros de operações.
Sabia da existência do meu conterrâneo Miguel Marta, cujo nome figura na placa colocada no edifício da Câmara Municipal de Vila Real, falecido em combate, em 09/04/1918, na célebre Batalha de La Lys, em La Couture, com o posto de soldado, tendo sido condecorado com a medalha de 2.ª classe da Cruz de Guerra e, em consequência, promovido a 1.º cabo, a título póstumo. Porém, desconhecia que para além deste meu patricio, que infelizmente pereceu, assim como um outro de nome António Silva, com idêntico destino, em Moçambique, por doença, em 08/02/1918, encontrando-se sepultado na Ilha de Moçambique, houve mais três deles, duas praças e um sargento, que foram também mobilizados tendo regressado vivos, embora com algumas mazelas que, nalguns deles, os marcaram para toda a vida.

Para grande surpresa minha descobri que o meu tio-avô materno Luís Ferreira Real, que mais tarde haveria de se radicar em S. Martinho de Anta, onde se tornou um empreendedor de sucesso, esteve também envolvido nesse trágico conflito militar, integrado no Esquadrão de Ferradores, do Corpo Expedicionário Português (CEP), com o posto de 1.º cabo ferrador. No seu boletim individual é possível verificar, para além da naturalidade e filiação, dados referentes à data de embarque e regresso, bem como à sua baixa por doença a um dos hospitais da Base.

Desconhecia este episódio deste meu familiar, que tão bem conhecí, e de quem guardo gratas recordações, como já aqui referi numa das minhas habituais crónicas, não posso, por isso, deixar de registar, com agrado, este facto só possível pelo trabalho de verdadeiro serviço público que o Arquivo Histórico Militar vem prestando à comunidade, ao colocar online uma base de dados consultável por qualquer cidadão interessado em conhecer um pouco melhor este período da nossa história, que às vezes nos trás algumas surpresas que, apesar do contexto em que elas aconteceram, não deixam de ser agradáveis como esta que acabo de mencionar.

PS: Aproveito esta oportunidade para desejar votos sinceros de um ótimo ano de 2020 aos leitores e a todos quantos trabalham na VTM.

 

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